VISITA MATERNA
No spa onde se encontra, alguém recebeu uma agradável
visita:
visita:
– Não acredito! Mamãe Peregrina…
– Bonje meu filho! Quanta saudade…
– Mamãe! Que bom que veio. Eu estou
precisando tanto de um colinho de mãe…
precisando tanto de um colinho de mãe…
– Oh! Filho. Noto que estás tão abatido!
Serão as saudades da terrinha?
Serão as saudades da terrinha?
– Não mamãe! É que recebi notícias recentes
do meu lar e fiquei muito magoado…
do meu lar e fiquei muito magoado…
– Filho! Você já sofreu tanto… Carregou sua
pesada cruz…
pesada cruz…
– Cruz credo! Nem fale em cruz perto de mim…
To de saco cheio de cruz…
To de saco cheio de cruz…
– Meu filho! Olhe as boas maneiras…
– Mãe! A senhora sabe o que Eu vou ver
durante centenas de anos, lá do meu altar?
durante centenas de anos, lá do meu altar?
– As verdes montanhas da Princesinha?
– Não manhê! Uma cruz…
– Meu Deus! Nããão. Pobre filho! Será que aquela
gentalha não entende que Ele tem trauma de cruz? Meu Deus! Esse pesadelo nunca
termina… Oh filho! Sempre uma cruz no seu caminho… Meu Deus! Meu Deus!
gentalha não entende que Ele tem trauma de cruz? Meu Deus! Esse pesadelo nunca
termina… Oh filho! Sempre uma cruz no seu caminho… Meu Deus! Meu Deus!
– Calma mamãe! Não precisa ficar
estressada… Calma… Calma!
estressada… Calma… Calma!
– Vou conversar com minha amiga!
– Que amiga mamãe?
– Não te contei? A santinha Mãos Limpas…
– Mãe! A senhora quer arrumar mais encrencas?
Foi ela, a santa, quem aprovou meu último e definitivo tormento…
Foi ela, a santa, quem aprovou meu último e definitivo tormento…
– O quê? Ela te torturou?
– Mamãe! Mamãe! Sei que a senhora já passou a
milênios da melhor idade, mas, por favor! Por favor! Mãos Limpas não é a manda
chuva do local?
milênios da melhor idade, mas, por favor! Por favor! Mãos Limpas não é a manda
chuva do local?
– Meu Bonje filho! É mesmo… Na próxima
visita teremos uma conversa muito séria…
visita teremos uma conversa muito séria…
– Não mamãe! Por favor… Em cada visita a
senhora arruma uma nova confusão…
senhora arruma uma nova confusão…
– Eu? Filho! Ta me chamando de barraqueira?
– Mamãe! Mamãe! A cidade é pequena… A pedra
quente fica perto… Eu ouço vozes…
quente fica perto… Eu ouço vozes…
– Não! Você ouve vozes?
– Sim! Fiquei sabendo do quase incêndio do
meu santuário, das picuinhas com o padre, com o meu sacerdote… Bonito hem?
meu santuário, das picuinhas com o padre, com o meu sacerdote… Bonito hem?
– Filho! Mas não fui eu que armei o bochicho…
Foi aquele barraqueirinho pau mandado… Um que se esgoela de gritar quando me vê…
Um sem educação… Um…
Foi aquele barraqueirinho pau mandado… Um que se esgoela de gritar quando me vê…
Um sem educação… Um…
– Mamãe calma! Vá que nossa conversa esteja
sendo gravada… Coitado do cronista! Vão achar que é carapuça… Calma mamãe!
Calma!… Não se emocione… Calma… Calma… Isso!…Calminha! Calminha!
sendo gravada… Coitado do cronista! Vão achar que é carapuça… Calma mamãe!
Calma!… Não se emocione… Calma… Calma… Isso!…Calminha! Calminha!
– Snif… Snif… Como mãe sofre e a de
Cristo sofre muito mais!
Cristo sofre muito mais!
– Mãe! Não precisa ficar assim só por causa
de um reles barraqueiro sem educação…
de um reles barraqueiro sem educação…
– Meu filho! Ele me enganou! Enganou a Sua
mãe! Ele foi só elogio… Todo amorzinho… E aprontou uma dessas para
Você!…Oh filho querido!
mãe! Ele foi só elogio… Todo amorzinho… E aprontou uma dessas para
Você!…Oh filho querido!
– Mamãe! A senhora tão vivida e não conhece
as pessoas… Sempre tão confiante… Tão ingênua! Se amanhã ou depois nosso
inimigo vencer a ultima batalha, essas mesmas pessoas farão questão de
carregarem o seu tridente… Elas são assim mesmo Mãe! Amam o ouro e o poder, e
o resto que se danem…
as pessoas… Sempre tão confiante… Tão ingênua! Se amanhã ou depois nosso
inimigo vencer a ultima batalha, essas mesmas pessoas farão questão de
carregarem o seu tridente… Elas são assim mesmo Mãe! Amam o ouro e o poder, e
o resto que se danem…
– Meu filho! Como estás profundamente
magoado.
magoado.
– Não é para menos! Presentearem-me com mais
uma cruz…
uma cruz…
– Filho! Para tudo existe uma solução.
– Mas não vejo uma solução!
– Tem sim! E bem simples.
– Qual mãe? Qual?
– Não vivem dizendo que errar é humano?
– Sim! Todos os pecadores dizem isso…
– Você é metade humano, não é filho?
– Sim! Creio que sim…
– Então não retorne para lá… Confesse que
errou na escolha do lugar e que agora você decidiu morar em Peruíbe…
errou na escolha do lugar e que agora você decidiu morar em Peruíbe…
– Mãe! Que excelente idéia!
– Mãe é mãe!
– Oh!
Mamãe Peregrina…
Mamãe Peregrina…
– Oh! Filho Bonge!
Gastão Ferreira
Gastão Ferreira começou a publicar seus textos aos 13 anos. Reconhecido por suas crônicas e poesias premiadas, suas peças de teatro alcançaram grandes públicos. Seus textos e obras estão disponíveis online, reunidos neste blog para que todos possam desfrutar de sua vasta e premiada produção.