VELÓRIO MUNICIPAL…

         Tudo
começou quando um famoso blog anunciou a novidade; – “Finalmente Fim de Mundo
terá seu próprio Velório Municipal…”. As imobiliárias, os donos de terrenos
baldios e os grileiros de plantão correram a oferecer seus lotes à venda, todos
superfaturados, pois, não é sempre que surge um negócio assim, digamos, tão
necessário à população.
         O problema
maior foi escolher a localização do dito cujo. “Vamos construir na Vila”, disse
um edil dono de um curral eleitoral. “Não! A obra deve ser erigida no sopé da
montanha, em minhas terras recém desbravadas”, disse outra figura pública.
“Não! Não! Não!”, intrometeu-se uma figurinha carimbada que se acha o último
Veadinho Catingueiro da Mata Atlântica, “O velório tem que ser no centro histórico
e está resolvido!”.
         Como
sempre, o povo nem foi consultado… Sem edital de compra, uma velha casa foi
escolhida, uma habitação cujo dono era um amigo do peito… Uma pechincha!
Quinhentos mil Reais e mais quinhentos para as devidas reformas… A casa ao
lado estava à venda por cem mil Reais, mas era inadequada, pois além de nova
nem necessitava de reformas.
         Um
renomado arquiteto foi contratado a peso de ouro para fazer a planta do novo
prédio, afinal era um projeto a muito esperado e ficaria para sempre, levando o
nome de seu autor para as páginas da história. Um salão, dois banheiros e uma
cozinha… Um milhão de Reais!
         Na
inauguração o foguetório de sempre… A Banda tocou músicas fúnebres, as
autoridades choraram de emoção, riram de satisfação e foram comemorar no
Recanto dos Urubus mais uma obra legada a posteridade com tantos sacrifícios
pessoais, uma obra de um milhão de Reais… Um salão, dois banheiros e uma
cozinha.
         Logo,
logo, Fim de Mundo terá sua própria maternidade. O problema é achar o terreno
adequado a obra… Uma construção cem vezes maior do que o Velório, cem vezes
mais cara… Quem viver verá!
Observação; – Fim de Mundo não existe, não vistam
carapuças… Esse texto é ficção, qualquer semelhança com a realidade é pura
maldade e nada mais.
Gastão Ferreira/2011
          
        

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