UM MILAGRE

            Ditinho
era pobre, pobre, pobre de maré, maré de si e tinha um sonho:- Ganhar uma
bicicleta do Papai Noel.
         Seus amiguinhos falavam:- Ditinho!
Papai Noel não existe. Pare de perturbar a paciência dos outros e cresça
menino.
         De nada adiantava, há meses que a
conversa era a mesma. O garoto nem se alimentava direito e ficava horas e horas
sonhando com a nova bicicleta. Com ela poderia passear a vontade. Quem sabe
conhecer a Fonte do Senhor, as belas e limpas praças da cidade, os casarões
preservados, o tal patrimônio histórico, seja la o que isso signifique, a
barragem, o Porto do Ribeira, o novo monumento inaugurado na Praça da Matriz.
Um dia fugiria de casa só para conhecer o famoso bairro de Icapára. Nem o novo
tênis que o pai lhe dera, o deixou satisfeito:- Eu quero é uma bicicleta! Uma
bicicleta! Uma bicicleta!
         Na noite de natal, Ditinho colocou o
tênis na janela do quarto:- Dizem que Papai Noel não resiste ao ver um tênis ou
sapato numa janela e sempre coloca um presente ao lado. Coisas de Papai Noel!
         No almoço de natal a comida era
especial, frango com polenta. A família de roupas limpas e banho tomado.
Ditinho era o único com chinelos de dedo, haviam roubado seu novo tênis durante
a noite. Chocante!
         Paulinho era só alegria. Natal! Que bom
Papai Noel atendera seu pedido. Levara seu velho e gasto chinelo de dedo e
deixara no lugar um par de tênis 
novinho. Que milagre!
Gastão
Ferreira

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