TUDO  PASSA

                                               Tudo
passa e tudo prossegue. A vida é dinâmica e estamos todos juntos fluindo no
grande rio da existência. Os ignorantes nadam em meio a pedras, defendendo-se
como podem das vicissitudes do ser e estar. Os corajosos vão pelo meio, onde conseguem
ter uma visão privilegiada da imensidão das águas. Os mais fracos seguem
próximos a margem, temerosos e indecisos quanto o há de vir.
                                               O
rio vai seguindo sem se importar com nosso medo, fome, sofrer, fanatismo e
ilusões. Ele só quer chegar ao vasto mar, nos levando consigo, a fim de ensinar
a cada um de nós o que realmente importa nesse tempo/espaço que nos foi dado
para partilhar da criação.
                                               O
que conta é tão pouco, é tão simples. Viva e deixe viver. Não tenha
arrependimentos. Aprenda e pratique o bem. Seja feliz. O rio é para ser
compartilhado, nenhum ser é melhor do que o outro. Um dia no fim da jornada
todos estaremos a sós com nossos próprios fantasmas e eles serão nossa eterna
companhia.
                                               Algumas
pessoas perdem-se na ilusão. Distanciam-se de seus semelhantes, criam
personagens arrogantes e mesquinhos, usufruem o bem comum em detrimento de
facções e grupos. Carregam ódios e rancores. Terão seus nomes em ruas, escolas,
pontes e passarelas, até que um dia seus ilustres nomes não mais farão sentido
e serão trocados por outros de népos, népinhos e nepões.
                                               Outros
se transformam em assassinos, assaltantes, falsos pedintes. Ganham no grito o
que custou o suor de muitos. Pagarão o preço da atuação de seus personagens em
fome, doença e prisão.
                                               O
rio continuará a correr sereno. Flui desde o começo do mundo e vai continuar
seu caminho enquanto a terra existir, o vento soprar e a chuva cair.
                                               O
sapo estava triste. A lagoa secava a olhos vistos. Todos os habitantes do local
viviam apavorados, apenas o gato estava feliz. Era carnívoro e a comida era
farta. Quanto maior a pobreza, maior a esperteza, dizia o gato.
                                               Quando
todos já exaustos nem mais acreditavam em socorro, veio a chuva, muita chuva. A
lagoa encheu, transbordou. O gato, péssimo nadador foi exterminado. O rio
aumentou de volume e juntou suas águas às da lagoa.
                                               O
imenso rio, que alguns chamam de vida e outros de destino, seguiu seu caminho
sem anotar o nome do sapo e do gato, ou de qualquer outro vivente que encontrou
em seu longo percurso. Assim é o existir desde o começo do mundo. Tudo passa e
tudo prossegue. Cada um de nós escolhe em que trecho do rio quer nadar e cada
um de nós paga o preço de ter ousado viver.
                                               GASTÃO
FERREIRA/IGUAPE/SP

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