PAU MANDADO
A
plebe tem um estranho comportamento, não pode ver um nobre que se põe a babar.
Reclama de tudo pelos becos e escurinhos da vida, desde o destrato casual do
rei, do vestuário caipira das princesas, dos costumes dos poderosos. Faz insinuações
maledicentes sobre a corte e comezinhos do palácio, mas na hora do vamos por
para quebrar sempre tem uma recaída:- Oh! O rei é lindo, acenou para mim.
plebe tem um estranho comportamento, não pode ver um nobre que se põe a babar.
Reclama de tudo pelos becos e escurinhos da vida, desde o destrato casual do
rei, do vestuário caipira das princesas, dos costumes dos poderosos. Faz insinuações
maledicentes sobre a corte e comezinhos do palácio, mas na hora do vamos por
para quebrar sempre tem uma recaída:- Oh! O rei é lindo, acenou para mim.
Esquece facilmente que é usada pelos detentores do poder.
Pior de tudo, o poder sabe disso e se aproveita da situação. Esta história começou nas cortes medievais, quando os
reis se achavam escolhidos por Deus e que por isso deviam ser diferenciados.
Pior de tudo, o poder sabe disso e se aproveita da situação. Esta história começou nas cortes medievais, quando os
reis se achavam escolhidos por Deus e que por isso deviam ser diferenciados.
Um rei cujo nome a história nem marcou, tão
insignificante foi seu reinado, recolheu ao palácio uma criança órfã para
servir de pajem e brinquedinho a seu tolo filho. Alimentou-o, curou suas
doenças e o vestiu com belas roupagens. A criança tudo aprendeu sobre o
submundo do poder. Apunhalou seus mestres, indicou amigos ao cadafalso, jogou desafeto
barranco abaixo. Tal mancebo fez escola e a partir dessa data todas as cortes
adotaram a prática de terem entre os seus um “pau mandado” para cumprirem
fielmente as piores ordens dos poderosos, costume que se perpetuou no tempo.
insignificante foi seu reinado, recolheu ao palácio uma criança órfã para
servir de pajem e brinquedinho a seu tolo filho. Alimentou-o, curou suas
doenças e o vestiu com belas roupagens. A criança tudo aprendeu sobre o
submundo do poder. Apunhalou seus mestres, indicou amigos ao cadafalso, jogou desafeto
barranco abaixo. Tal mancebo fez escola e a partir dessa data todas as cortes
adotaram a prática de terem entre os seus um “pau mandado” para cumprirem
fielmente as piores ordens dos poderosos, costume que se perpetuou no tempo.
Esses seres humanos chamados de paus mandados são
facilmente reconhecidos em todas as cortes do mundo. Propensos a armarem barracos,
sorrisos congelados e falsos, olhos arregalados, mil trejeitos, insinuantes e
venenosos ao extremo, com o tempo lideram subgrupos que se apegam ao poder e a
tudo se submetem para não perdê-lo. Um
único antídoto é capaz de exterminá-los, a sua não aceitação. Eles não
conseguem sobreviver longe do foco das atenções, transformam-se em alcoólatras,
drogados, degeneram rapidamente e morrem. Um pau mandado em lugares civilizados
tem vida curta. Em locais ainda carentes de progresso, cidadania e educação,
sobrevive por longo tempo.
facilmente reconhecidos em todas as cortes do mundo. Propensos a armarem barracos,
sorrisos congelados e falsos, olhos arregalados, mil trejeitos, insinuantes e
venenosos ao extremo, com o tempo lideram subgrupos que se apegam ao poder e a
tudo se submetem para não perdê-lo. Um
único antídoto é capaz de exterminá-los, a sua não aceitação. Eles não
conseguem sobreviver longe do foco das atenções, transformam-se em alcoólatras,
drogados, degeneram rapidamente e morrem. Um pau mandado em lugares civilizados
tem vida curta. Em locais ainda carentes de progresso, cidadania e educação,
sobrevive por longo tempo.
Um pau mandado é tudo o que um político incorreto sonha
possuir. Ele é o alvo das intrigas, desafetos e fofocas, desviando a atenção
dos atores principais para si e arcando com as conseqüências. Custa caro ao
poder, mais caro do que admitir fracassos, pois sempre é causa de desavenças e
retaliações. Ainda bem que entre nós não existe tal prática, estamos em boas
mãos e a transparência é total, sinal que trilhamos o caminho certo.
possuir. Ele é o alvo das intrigas, desafetos e fofocas, desviando a atenção
dos atores principais para si e arcando com as conseqüências. Custa caro ao
poder, mais caro do que admitir fracassos, pois sempre é causa de desavenças e
retaliações. Ainda bem que entre nós não existe tal prática, estamos em boas
mãos e a transparência é total, sinal que trilhamos o caminho certo.
Gastão Ferreira
Gastão Ferreira começou a publicar seus textos aos 13 anos. Reconhecido por suas crônicas e poesias premiadas, suas peças de teatro alcançaram grandes públicos. Seus textos e obras estão disponíveis online, reunidos neste blog para que todos possam desfrutar de sua vasta e premiada produção.