O RAPTO DO PRÍNCIPE HERDEIRO
Ou
MEU FILHO, MEU TESOURO
A rainha
Penélope, a sílfide, estava feliz. Seu pequeno rebento, o robusto e esperto
Luis Eduardo Gaspar de Mendonça Fortes de Almeida Gomes Pindaíba, apelidado
pelas aias e escravos de Luí desde o dia em que o rabugento moleque escorregara
em uma casca de banana e foram todos espancados. Então a rainha com toda a
pompa, tentara alertá-lo aos gritos: – Luis Eduardo Gaspar de Mendonça… Ele já
havia se esparramado no chão, resolveram na ausência da dupla real chamá-lo
apenas de Luí. Como já disse a rainha Penélope, a simpática, estava feliz, seu
menino era um gênio, e ela contara a todos na corte como resolvera presenteá-lo
com um rosário. Chamaram-no e dissera: – Mamãe rainha vai dar um belo terço para
seu bebe príncipe. No que o pequeno respondeu: – Não quero o belo terço, aceito
uma feia metade! A rainha contava a velha piada e rolava de rir, e toda a corte
caia na gargalhada, pois a rainha gorda e desajeitada, parecia um tonel rodando
pelo salão, como ela não desconfiava que fosse dela que riam, vira e mexe e
sempre repetia a piada.
Penélope, a sílfide, estava feliz. Seu pequeno rebento, o robusto e esperto
Luis Eduardo Gaspar de Mendonça Fortes de Almeida Gomes Pindaíba, apelidado
pelas aias e escravos de Luí desde o dia em que o rabugento moleque escorregara
em uma casca de banana e foram todos espancados. Então a rainha com toda a
pompa, tentara alertá-lo aos gritos: – Luis Eduardo Gaspar de Mendonça… Ele já
havia se esparramado no chão, resolveram na ausência da dupla real chamá-lo
apenas de Luí. Como já disse a rainha Penélope, a simpática, estava feliz, seu
menino era um gênio, e ela contara a todos na corte como resolvera presenteá-lo
com um rosário. Chamaram-no e dissera: – Mamãe rainha vai dar um belo terço para
seu bebe príncipe. No que o pequeno respondeu: – Não quero o belo terço, aceito
uma feia metade! A rainha contava a velha piada e rolava de rir, e toda a corte
caia na gargalhada, pois a rainha gorda e desajeitada, parecia um tonel rodando
pelo salão, como ela não desconfiava que fosse dela que riam, vira e mexe e
sempre repetia a piada.
Na
paradisíaca Ilha Bananeira de Pindaíba tudo corria as mil maravilhas. O rei com
seus múltiplos negócios, a rainha com suas caridades. O povo morto de fome
pelos impostos malucos do monarca, o príncipe herdeiro, um chato boca suja, mas
que todos mimavam e chamavam de “o tesouro do papai”, aprontando com todo
mundo. Até que numa noite, um bando de piratas portugueses saqueou o palácio
real e levaram duas dúzias de pombos correios e o pequeno príncipe, e deixaram uma
dúzia de pombos correios.
paradisíaca Ilha Bananeira de Pindaíba tudo corria as mil maravilhas. O rei com
seus múltiplos negócios, a rainha com suas caridades. O povo morto de fome
pelos impostos malucos do monarca, o príncipe herdeiro, um chato boca suja, mas
que todos mimavam e chamavam de “o tesouro do papai”, aprontando com todo
mundo. Até que numa noite, um bando de piratas portugueses saqueou o palácio
real e levaram duas dúzias de pombos correios e o pequeno príncipe, e deixaram uma
dúzia de pombos correios.
A rainha
desesperou-se. O rei quase enlouqueceu. Os escravos agradeciam a Deus a graça
alcançada, mas na frente do casal real era um chororô de dar dó. Chegou à
primeira carta (ou seja, o primeiro pombo correio) pedindo resgate:
desesperou-se. O rei quase enlouqueceu. Os escravos agradeciam a Deus a graça
alcançada, mas na frente do casal real era um chororô de dar dó. Chegou à
primeira carta (ou seja, o primeiro pombo correio) pedindo resgate:
– Queremos
vinte milhões de escudos para libertar o pimpolho, senão vamos retalhá-lo e
usá-lo como isca para tubarões famintos. Assinado: – Manuel, o pirata.
vinte milhões de escudos para libertar o pimpolho, senão vamos retalhá-lo e
usá-lo como isca para tubarões famintos. Assinado: – Manuel, o pirata.
O tesoureiro
real foi chamado: – Quero vinte milhões de escudos, já! Disse o rei.
real foi chamado: – Quero vinte milhões de escudos, já! Disse o rei.
– Nunca vi
um escudo na vida, respondeu o tesoureiro.
um escudo na vida, respondeu o tesoureiro.
– Como não
temos escudos? Se vendemos bananas no mundo todo!
temos escudos? Se vendemos bananas no mundo todo!
– Não
negociamos com Portugal majestade, desde que aquela rainha louca, a tal Carlota
Joaquina, falou horrores de vosso pai.
negociamos com Portugal majestade, desde que aquela rainha louca, a tal Carlota
Joaquina, falou horrores de vosso pai.
– É bem
verdade! Mande um pombo correio e explique a situação.
verdade! Mande um pombo correio e explique a situação.
Imediatamente
o tesoureiro enviou a mensagem: – Não temos escudos! Aceitam outra moeda?
o tesoureiro enviou a mensagem: – Não temos escudos! Aceitam outra moeda?
– Com qual
moeda poderei contaire? Assinado pirata Manuel.
moeda poderei contaire? Assinado pirata Manuel.
– com zelões!
Assinado tesoureiro.
Assinado tesoureiro.
– Não
conhecemos. Assinado pirata Manuel.
conhecemos. Assinado pirata Manuel.
– Com
cabrais! Tesoureiro real.
cabrais! Tesoureiro real.
–
Desconhecemos! Pirata Joaquim. O Manuel foi empurrado do navio pelo diabólico
herdeiro real.
Desconhecemos! Pirata Joaquim. O Manuel foi empurrado do navio pelo diabólico
herdeiro real.
– Temos
trigo! Esse menino é mesmo o Demo! Cuidado. Tesoureiro real.
trigo! Esse menino é mesmo o Demo! Cuidado. Tesoureiro real.
– Não
negociamos com especiarias! Pirata Joaquim. O menino esta de castigo.
negociamos com especiarias! Pirata Joaquim. O menino esta de castigo.
– Não
machuquem o menino! Alferes Marcos. O tesoureiro foi enforcado por causa do
ultimo recado.
machuquem o menino! Alferes Marcos. O tesoureiro foi enforcado por causa do
ultimo recado.
– O menino
soltou os pombos. Só ficaram quatro. Ou pagam, ou ele morre! Pirata Manuel
Joaquim filho. Papai foi esfaqueado pelo demoníaco herdeiro, estamos
apavorados, por favoire atendam logo.
soltou os pombos. Só ficaram quatro. Ou pagam, ou ele morre! Pirata Manuel
Joaquim filho. Papai foi esfaqueado pelo demoníaco herdeiro, estamos
apavorados, por favoire atendam logo.
– Também
estamos apavorados! A rainha fez um feitiço e usou os pombos pretos, achando
que eram galinhas Garnisés. O rei executou o Alferes. Todo o cuidado é pouco.
estamos apavorados! A rainha fez um feitiço e usou os pombos pretos, achando
que eram galinhas Garnisés. O rei executou o Alferes. Todo o cuidado é pouco.
– O menino
incendiou o navio! Só tenho um pombo. Acho que ele me deu vinho envenenado…
ahh! Coitado de vocês se ele sobreviver… Ahhh!…
incendiou o navio! Só tenho um pombo. Acho que ele me deu vinho envenenado…
ahh! Coitado de vocês se ele sobreviver… Ahhh!…
– Mate
imediatamente o menino… o rei me apunhalou… Ahhh…
imediatamente o menino… o rei me apunhalou… Ahhh…
–
Papai!Estou naquela ilha bem comprida. O tesouro dos piratas agora faz parte do
restante do butim amealhado através de gerações de herdeiros reais. Estou a
salvo. Luiz Eduardo Gaspar de Mendonça…
Papai!Estou naquela ilha bem comprida. O tesouro dos piratas agora faz parte do
restante do butim amealhado através de gerações de herdeiros reais. Estou a
salvo. Luiz Eduardo Gaspar de Mendonça…
– Papai já
vai a caminho para buscá-lo, meu filho, MEU TESOURO!
vai a caminho para buscá-lo, meu filho, MEU TESOURO!
GASTÃO
FERREIRA/IGUAPE/2007
FERREIRA/IGUAPE/2007
Gastão Ferreira começou a publicar seus textos aos 13 anos. Reconhecido por suas crônicas e poesias premiadas, suas peças de teatro alcançaram grandes públicos. Seus textos e obras estão disponíveis online, reunidos neste blog para que todos possam desfrutar de sua vasta e premiada produção.