O RAPTO DO PRÍNCIPE HERDEIRO
Ou
MEU FILHO, MEU TESOURO
        
A rainha
Penélope, a sílfide, estava feliz. Seu pequeno rebento, o robusto e esperto
Luis Eduardo Gaspar de Mendonça Fortes de Almeida Gomes Pindaíba, apelidado
pelas aias e escravos de Luí desde o dia em que o rabugento moleque escorregara
em uma casca de banana e foram todos espancados. Então a rainha com toda a
pompa, tentara alertá-lo aos gritos: – Luis Eduardo Gaspar de Mendonça… Ele já
havia se esparramado no chão, resolveram na ausência da dupla real chamá-lo
apenas de Luí. Como já disse a rainha Penélope, a simpática, estava feliz, seu
menino era um gênio, e ela contara a todos na corte como resolvera presenteá-lo
com um rosário. Chamaram-no e dissera: – Mamãe rainha vai dar um belo terço para
seu bebe príncipe. No que o pequeno respondeu: – Não quero o belo terço, aceito
uma feia metade! A rainha contava a velha piada e rolava de rir, e toda a corte
caia na gargalhada, pois a rainha gorda e desajeitada, parecia um tonel rodando
pelo salão, como ela não desconfiava que fosse dela que riam, vira e mexe e
sempre repetia a piada.
Na
paradisíaca Ilha Bananeira de Pindaíba tudo corria as mil maravilhas. O rei com
seus múltiplos negócios, a rainha com suas caridades. O povo morto de fome
pelos impostos malucos do monarca, o príncipe herdeiro, um chato boca suja, mas
que todos mimavam e chamavam de “o tesouro do papai”, aprontando com todo
mundo. Até que numa noite, um bando de piratas portugueses saqueou o palácio
real e levaram duas dúzias de pombos correios e o pequeno príncipe, e deixaram uma
dúzia de pombos correios.
A rainha
desesperou-se. O rei quase enlouqueceu. Os escravos agradeciam a Deus a graça
alcançada, mas na frente do casal real era um chororô de dar dó. Chegou à
primeira carta (ou seja, o primeiro pombo correio) pedindo resgate:
– Queremos
vinte milhões de escudos para libertar o pimpolho, senão vamos retalhá-lo e
usá-lo como isca para tubarões famintos. Assinado: – Manuel, o pirata.
O tesoureiro
real foi chamado: – Quero vinte milhões de escudos, já! Disse o rei.
– Nunca vi
um escudo na vida, respondeu o tesoureiro.
– Como não
temos escudos? Se vendemos bananas no mundo todo!
– Não
negociamos com Portugal majestade, desde que aquela rainha louca, a tal Carlota
Joaquina, falou horrores de vosso pai.
– É bem
verdade! Mande um pombo correio e explique a situação.
Imediatamente
o tesoureiro enviou a mensagem: – Não temos escudos! Aceitam outra moeda?
– Com qual
moeda poderei contaire? Assinado pirata Manuel.
– com zelões!
Assinado tesoureiro.
– Não
conhecemos. Assinado pirata Manuel.
– Com
cabrais! Tesoureiro real.

Desconhecemos! Pirata Joaquim. O Manuel foi empurrado do navio pelo diabólico
herdeiro real.
– Temos
trigo! Esse menino é mesmo o Demo! Cuidado. Tesoureiro real.
– Não
negociamos com especiarias! Pirata Joaquim. O menino esta de castigo.
– Não
machuquem o menino! Alferes Marcos. O tesoureiro foi enforcado por causa do
ultimo recado.
– O menino
soltou os pombos. Só ficaram quatro. Ou pagam, ou ele morre! Pirata Manuel
Joaquim filho. Papai foi esfaqueado pelo demoníaco herdeiro, estamos
apavorados, por favoire atendam logo.
– Também
estamos apavorados! A rainha fez um feitiço e usou os pombos pretos, achando
que eram galinhas Garnisés. O rei executou o Alferes. Todo o cuidado é pouco.
– O menino
incendiou o navio! Só tenho um pombo. Acho que ele me deu vinho envenenado…
ahh! Coitado de vocês se ele sobreviver… Ahhh!…
– Mate
imediatamente o menino… o rei me apunhalou… Ahhh…

Papai!Estou naquela ilha bem comprida. O tesouro dos piratas agora faz parte do
restante do butim amealhado através de gerações de herdeiros reais. Estou a
salvo. Luiz Eduardo Gaspar de Mendonça…
– Papai já
vai a caminho para buscá-lo, meu filho, MEU TESOURO!
GASTÃO
FERREIRA/IGUAPE/2007

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