O PORQUINHO BACURI (Fábula)

         No
tempo em que os bichos falavam e o mundo era inocente, numa pocilga não muito
distante, nasceu um porquinho esperto, seu nome; – Bacuri.
         Dona
Leitoa sempre foi uma mãe preocupada com a saúde familiar, por mais que se esforçasse
Bacuri não engordava. Uma vergonha! Como pode um porco não engordar?
         Porco
que não engorda não vira linguiça! … Por mais que o alimentassem, Bacuri era
magro feito vara de marmelo. Dona Leitoa, inconformada com a magreza do
filhote, procurou uma benzedeira para retirar o quebranto.
         Não
era mau-olhado, pois o pimpolho permanecia um esqueleto ambulante. Seus irmãos
há muito tinham se transformado em salame, salsicha, presunto. Bacuri conseguiu
sobreviver a sua sina e não virou torresmo.  
         Bacuri
nunca gostou de estudar, estava mais interessado em ficar rico, possuir um
chiqueiro maravilhoso, comer do bom e do melhor, namorar as porquetes mais
gostosas. Conseguir um meio de vida diferenciado sem a necessidade de
trabalhar. Associou-se a uma porca de nome Corrupeth e fundaram uma ONG (Olá
Nossa Grana). Partiu assim para a mais deslavada politicagem.
         O
melhor amigo do ouro se chama poder. Coisa complicada! Ninguém possui ouro sem
poder e ninguém tem poder sem o ouro para sustentá-lo. Bacuri por meio de sua
ONG conseguiu o ouro, comprou corações e mentes, fez conchavos, elegeu-se
representante da porcada e de outros animais que partilhavam de seu sucesso.
         Bastaram
dois anos desfrutando do poder para Bacuri engordar. Uma coisa notável! O poder
engorda. Os candidatos a cargos eletivos quando vencedores da disputa, em pouco
tempo ficam imensos, caras redondas, barrigão. Com Bacuri não foi diferente,
bastou chegar ao pódio e a boa ceva o transformou em um senhor porcão.
         O
sonho de Dona Leitoa estava realizado, finalmente seu filhote engordara. Seus
duzentos quilos renderam uma boa grana ao dono da pocilga. Salames, salaminhos,
toicinho defumado, linguiças, bistecas, costelinhas de primeira e a certeza de
que ninguém foge ao próprio destino.
         Dona
Leitoa está desolada, mais um filho foi abatido. Hoje ela sabe que a vida é
algo para ser compartilhada. Que chegamos ao mundo de mãos vazias e que de mãos
vazias todos partiremos. Que a honestidade é a garantia do sucesso, que caráter
não se compra e que não somos donos da vontade alheia. Que viver com dignidade
é o caminho mais seguro para a felicidade plena.
Moral da fábula; – Nenhuma… Bacuri
poderia continuar magro, sem estudo e ser bailarino, pastor, motorista,
torneiro mecânico, líder sindical e presidente da república. Poderia estudar e
ser médico bancário, professor. Preferiu viver a custa do suor alheio, criou
uma ONG para ter dinheiro fácil, quis ser político e sustentar seus luxos com
os impostos dos cidadãos, pois é engordou e virou presunto.  
Gastão Ferreira/2012
          
          
        

Deixe um comentario

Livro em Destaque

Categorias de Livros

Newsletter

Certifique-se de não perder nada!