O PASSEIO DA PRINCESA
A princesa era bem velinha, 470 anos e estava na
melhor da melhor idade. Resolveu sair de seu castelo e visitar a localidade a
qual devia seu nobre título. A primeira dificuldade foi fazer a carruagem
passar através do portal de acesso a cidade. Não teve jeito, teve de
contorná-lo, e, comentou com seu cocheiro e conselheiro:- Está vendo essa água
Josephus? Era um valinho para canoas passarem em minha mocidade, note no que se
transformou! Caso fechassem essas comportas daria uma ótima raia aquática para
esportes náuticos de nível nacional. Com um bom muro de arrimo em suas margens
e construção de quiosques seria aproveitado como um pesqueiro natural, onde os
turistas e nativos poderiam desfrutar de inúmeros serviços e lazer.
melhor da melhor idade. Resolveu sair de seu castelo e visitar a localidade a
qual devia seu nobre título. A primeira dificuldade foi fazer a carruagem
passar através do portal de acesso a cidade. Não teve jeito, teve de
contorná-lo, e, comentou com seu cocheiro e conselheiro:- Está vendo essa água
Josephus? Era um valinho para canoas passarem em minha mocidade, note no que se
transformou! Caso fechassem essas comportas daria uma ótima raia aquática para
esportes náuticos de nível nacional. Com um bom muro de arrimo em suas margens
e construção de quiosques seria aproveitado como um pesqueiro natural, onde os
turistas e nativos poderiam desfrutar de inúmeros serviços e lazer.
–
É verdade majestade! Poderiam soltar milhares de alevinos e teriam um local
fantástico para pesca esportiva. Quem sabe os fabricantes de artigos para pesca
até contribuíssem para melhorar o local em troca seus produtos poderiam ser
comercializados e conhecidos por aqueles que aqui viessem utilizar os
quiosques. Qual mortal não ficaria feliz por desfrutar de um magnífico por de
sol, uma cerveja gelada, um peixe frito na hora. Ah! Que bom que vossa
majestade notou que é uma raia natural para natação. Mas veja quanto lixo na
água!
É verdade majestade! Poderiam soltar milhares de alevinos e teriam um local
fantástico para pesca esportiva. Quem sabe os fabricantes de artigos para pesca
até contribuíssem para melhorar o local em troca seus produtos poderiam ser
comercializados e conhecidos por aqueles que aqui viessem utilizar os
quiosques. Qual mortal não ficaria feliz por desfrutar de um magnífico por de
sol, uma cerveja gelada, um peixe frito na hora. Ah! Que bom que vossa
majestade notou que é uma raia natural para natação. Mas veja quanto lixo na
água!
–
Josephus! O problema do lixo é um caso de educação. As pessoas jogam detritos
na água porque não são orientadas desde pequenas por seus pais e professores
sobre cidadania, respeito aos direitos alheios e amor a natureza. Da no que da!
Ruas alagadas, escassez de pescados, urubus, ratos e doenças.
Josephus! O problema do lixo é um caso de educação. As pessoas jogam detritos
na água porque não são orientadas desde pequenas por seus pais e professores
sobre cidadania, respeito aos direitos alheios e amor a natureza. Da no que da!
Ruas alagadas, escassez de pescados, urubus, ratos e doenças.
–
Isso não tem solução majestade! O povo não quer entender que essa água é um bem
comum, que é de todos e que não se pode maltratar o que é dos outros.
Isso não tem solução majestade! O povo não quer entender que essa água é um bem
comum, que é de todos e que não se pode maltratar o que é dos outros.
–
Ele entende sim! Esse hábito tem que mudar. Talvez de início uma legislação
severíssima resolvesse a questão. Todo o elemento, seja quem for pego sujando a
água ou margens prestaria serviço comunitário, limpando semanalmente o local
que emporcalhou e creio que logo todos estariam colaborando com o poder público
em beneficio da cidade. Se for criança ou débil mental que jogar coisas na
água, punam-se os pais ou responsáveis que não souberam educá-la para ser um
cidadão pleno.
Ele entende sim! Esse hábito tem que mudar. Talvez de início uma legislação
severíssima resolvesse a questão. Todo o elemento, seja quem for pego sujando a
água ou margens prestaria serviço comunitário, limpando semanalmente o local
que emporcalhou e creio que logo todos estariam colaborando com o poder público
em beneficio da cidade. Se for criança ou débil mental que jogar coisas na
água, punam-se os pais ou responsáveis que não souberam educá-la para ser um
cidadão pleno.
–
Muito complicado majestade!
Muito complicado majestade!
–
Que nada! Sem uma mão firme e propósitos definidos nada se consegue. Note
quanto lixo na rua! A rua não se suja sozinha, alguém jogou entulho, papel,
lata de alumínio. Enquanto as pessoas não respeitarem o bem comum será essa
calamidade.
Que nada! Sem uma mão firme e propósitos definidos nada se consegue. Note
quanto lixo na rua! A rua não se suja sozinha, alguém jogou entulho, papel,
lata de alumínio. Enquanto as pessoas não respeitarem o bem comum será essa
calamidade.
–
Não entendi majestade!
Não entendi majestade!
–
Muitos habitantes dessa localidade estão de mal com a vida e com si próprios
pela falta de melhores perspectivas e sonhos não realizados, e, a forma de se
vingarem é se mostrarem incivilizados e mal educados, culpando os dirigentes
por seus males.
Muitos habitantes dessa localidade estão de mal com a vida e com si próprios
pela falta de melhores perspectivas e sonhos não realizados, e, a forma de se
vingarem é se mostrarem incivilizados e mal educados, culpando os dirigentes
por seus males.
–
Como assim?
Como assim?
–
Todos apontam a prefeitura como culpada pelo descaso no recolhimento do lixo.
Mas se cada morador fizer a sua parte esse problema será minimizado. Colocar o
lixo na hora certa e no local certo, fiscalizar para que todos ajam
corretamente seguindo as regras estabelecidas…
Todos apontam a prefeitura como culpada pelo descaso no recolhimento do lixo.
Mas se cada morador fizer a sua parte esse problema será minimizado. Colocar o
lixo na hora certa e no local certo, fiscalizar para que todos ajam
corretamente seguindo as regras estabelecidas…
-É!
Mas cachorro tem fama de virar lixo.
Mas cachorro tem fama de virar lixo.
–
Não só cachorro! Mendigos e catadores de latinhas de alumínio fazem o mesmo,
num desrespeito fragrante as leis. É só aplicar a legislação para todos e
veremos o que acontece. Já passou da hora de punir quem abandona cães doentes
em locais públicos, isso é crime e traz sérios riscos à saúde das pessoas. Ou
se constrói um canil municipal, ou se obriga os donos dos animais a
identificá-los com coleiras, que podem ser vistoriadas quando da vacina
obrigatória, e, sempre tem alguém que reconhece o cachorro e sabe a quem
pertence.
Não só cachorro! Mendigos e catadores de latinhas de alumínio fazem o mesmo,
num desrespeito fragrante as leis. É só aplicar a legislação para todos e
veremos o que acontece. Já passou da hora de punir quem abandona cães doentes
em locais públicos, isso é crime e traz sérios riscos à saúde das pessoas. Ou
se constrói um canil municipal, ou se obriga os donos dos animais a
identificá-los com coleiras, que podem ser vistoriadas quando da vacina
obrigatória, e, sempre tem alguém que reconhece o cachorro e sabe a quem
pertence.
–
Vossa majestade sabe das coisas!
Vossa majestade sabe das coisas!
–
Conheço o meu povo e a minha terra, afinal, sou a Princesa do Litoral, e, muito
sofro com o descaso tanto da plebe quanto dos nobres por esse local abençoado. Talvez
por terem nascido num paraíso ecológico não o valorizem. O estranho quando aqui
vem, fica chocado com o descaso geral, mas se cada cidadão fizer a sua parte,
limpando sua própria calçada, recolhendo o lixo que por descuido alguém jogou
frente a sua casa e fiscalizando, ou melhor, exercendo sua cidadania, vou
chegar saudável aos mil anos. Estou com 470 e nem comecei a viver. Vamos
Josephus! Quero ver o centro da cidade.
Conheço o meu povo e a minha terra, afinal, sou a Princesa do Litoral, e, muito
sofro com o descaso tanto da plebe quanto dos nobres por esse local abençoado. Talvez
por terem nascido num paraíso ecológico não o valorizem. O estranho quando aqui
vem, fica chocado com o descaso geral, mas se cada cidadão fizer a sua parte,
limpando sua própria calçada, recolhendo o lixo que por descuido alguém jogou
frente a sua casa e fiscalizando, ou melhor, exercendo sua cidadania, vou
chegar saudável aos mil anos. Estou com 470 e nem comecei a viver. Vamos
Josephus! Quero ver o centro da cidade.
GASTÃO FERREIRA/IGUAPE/2009
Gastão Ferreira começou a publicar seus textos aos 13 anos. Reconhecido por suas crônicas e poesias premiadas, suas peças de teatro alcançaram grandes públicos. Seus textos e obras estão disponíveis online, reunidos neste blog para que todos possam desfrutar de sua vasta e premiada produção.