ISA, A FERA… OHHHHH!

                Isa foi um bebê muito esperado. Seus avôs eram nobres,
tão nobres que ao escreverem usavam o próprio sangue azul como tinta. Sua mãe,
famosa socialite, era tida como uma das mulheres mais charmosa do pedaço, seu
nome Paris-quéra Hilton da Silva & Silva, apelido Paty.
            O tititi começou bem antes do nascimento da pimpolha.
Dizem os fofoqueiros de plantão que foi devido a uma pequena desavença entre
Paty e uma cartomante, taróloga, mãe-de-santo e feiticeira de nome Drinha.
Parece que Paris-quéra, na calada da noite, procurou os bons serviços de Drinha
e solicitou uma amarração para casar com um ricaço que só pensava em gastar a
grana paterna. Drinha obteve sucesso com suas mandingas e Paty pagou com seu
colar de esmeraldas… Sim! Um colar de esmeraldas falso… Ohhhh!
            Drinha ao tentar vender o colar foi presa, torturada,
humilhada e jamais perdoou a fria em que entrou com a dondoca Paty, a qual
votou uma inimizade de fazer inveja a Caim e Abel. O primeiro golpe baixo que
desferiu contra a ex consulente foi fazer com que Arycarlos, o noivo
milionário, saísse do armário, e, fugisse as vésperas do casório com um
ajudante de pedreiro de nome Andreilsom para Canisnéia, uma cidade muito, muito
distante. O que não imaginava era que Isa estava a caminho, pois Paty
engravidara… Ohhh!
            Quando Isa nasceu, a situação já estava resolvida. Paty
casou com Arycarlos, o que foi muito vantajoso, pois, alem da grana também
podia desfrutar dos préstimos de Andreilsom, contratado como motorista e
segurança do nababesco casal. Drinha estava inconformada, sua fama de ser uma
má Drinha foi para o beleléu. A megera arquitetou um plano diabólico, como não
pode destruir a mãe, infernizaria a vida da filha… Ohhh!
            Paty estava deslumbrada com seu novo brinquedinho. Que
fofura, que belezinha… Bilú, bilú… Que nome dar a essa jóia preciosa?
Arycarla, Pariscarla… (Eta! Que gente ruim para dar nome as crianças!)…
Resolveu chamá-la Isabela. Mal pronunciou o nome, um raio caiu nas
proximidades, um cão uivou, relâmpagos cortaram os céus, urubus pousaram no
telhado e Drinha apareceu:- “ Isabela? Rárárárá… Rárárárá… Isabela eu te
batizo pelos poderes a mim conferidos pela Rainha do Litoral e seu servidor Aedes
Aegyptis, com o nome de Isaféra… Rárárárá!”
            Foi terrível a maldição da má Drinha, quando chamavam a
guria de Isabela era um berreiro de acordar surdo dormindo. Só acalmava e fazia
gugu, gagá, se a chamassem de Isaféra. Para não dar o braço a torcer à maligna
feiticeira, chamavam a pivete apenas de Isa.
            Isabela era muito prendada, quase uma Gata Borralheira,
fazia tricô, costurava, regava as plantas, aprendeu oito idiomas, praticava
natação, cavalgada, tênis de mesa e sem mesa. Para encurtar a história, seu
currículo preenchia quinze páginas, mas tudo isso de nada valia, pois, ao se
transformar em Isaféra falava palavrão, espancava cachorros, bebia todas, fazia
stripper em sórdidas baiúcas na madrugada, xingava a velharada da melhor idade
e ainda cometia pecados veniais e mortais.
            Isa, com o tempo se tornou amarga e estressadinha. Por
vezes seu lado Fera falava mais alto e voltava para casa de olho roxo. Outra
vez era a Bela que recebia flores e elogios das pessoas a quem ajudava. O
problema estava na hora da transformação… Um dia Bela estava auxiliando uma
garota cadeirante da melhor idade, 97 anos, a atravessar a rua, quando a Fera
se insinuou… Jogou a cadeira de rodas da velhinha embaixo de um caminhão e
com a moça da terceira idade dentro… Ohhhhh!
            Quando a Bela se apaixonava, a Fera detonava a paquera.
Bela bebia água, a Fera cachaça. Bela acenava, Fera fazia top, top. Uma sorria,
a outra mostrava a língua. A Bela fazia regime, a Fera se empanturrava. Uma
tristeza a vida da Bela… Tão rica e tão dividida! Procurou os melhores
especialistas, não solucionaram o problema e a tacharam de louca,
esquizofrênica, etc. Buscou ajuda na religião, estava possuída pelo demônio e
nenhum exorcismo deu jeito.
            Não podia consultar a má Drinha, pois a mesma, agora era
uma boa Drinha e não queria saber de conversa, apaixonara-se perdidamente por
um Pastor e na atualidade só pensava em pregar e louvar, estava salva e não
podia se envolver com pecadores que só pensam naquilo… Não insistam!…
Ohhhh!
            Isa, que na verdade era a soma da Bela e da Fera
conseguiu solucionar seu probleminha. Fez um curso de teatro amador e conheceu
o sucesso. Ganhou um Oscar, um Cauã, cinco Pedro e dois Roberval… Um prêmio especial
pela personagem diabólica (Atuação de Fera) em “A Vampira do Casarão
Destelhado”, outro pela ingênua figura da indiazinha (Atuação de Bela) em “ A
Fonte da Saudade”, onde fez a chorosa selvagem que amava um guerreiro que
partiu para uma batalha e nunca mais voltou.
            Repararam como tudo tem solução! Não é porque você está
sem grana, com dengue, se sentindo um traste, achando que o mundo vai acabar em
2018 que seu futuro está perdido. Faça como Isa, assuma o seu lado Fera e vá à
luta ou faça como a Bela, vá às compras… A vida é breve!
Obs- Esse texto,
aparentemente insano, contem segredinhos impublicáveis que ocorrem em muitos
locais. Quem sabe, sabe! Quem não sabe veste a carapuça, caso sirva… Ohhhh!
Gastão
Ferreira/Iguape/2011
           

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