FESTA DO INTERIOR
            Cidadezinha
do interior. Festa junina… pipoca, quentão, pé-de-moleque, quentão, canjica,
quentão, quentão, quentão. Que porre gente!
Já nem se
fazem mais festas como antigamente, só pra nóis, os da roça, os do sitio. Hoje
estamos globalizados. Bin Laden, Brasília, Nova York, Paris, Rio de Janeiro,
enfim o mundo.
Na hora que anunciaram
a chegada da quadrilha, foi um tal da molecada correr pro mato, se jogar no
chão, por a mão na nuca. Todos temerosos de uma bala perdida.
Até a escolha
dos pais dos noivos, no casamento da roça deu rebu. Resolveram dar nomes aos
bois, digo aos pais. Um era o Coronel Ary Oswaldo e o outro capitão Pedro
Álvares. O povão achou que tinha conotação política. Tinha não! Era coisa de
gente da roça, sem segundas intenções, mas mesmo assim começaram com gozações.
Aqueles versos cantados mudaram tudo:
– O que você
foi fazê no mato, Ary Oswaldinho?
– Eu fui catá
areia e ganha um dindinho!
– O Home do
mato te deu uma coça, Ary Oswaldinho?
– Ele achou
que eu tava lavando dinheiro o tal sujeitinho!
Pararam tudo.
O padre caipira, um tal de Ditinho Paletó Vermelho já estava torrado e queria
fazer o casamento baseado num “Répi” maneiro. A noiva estava de micro-saia e o
noivo vestido só de tatuagens. Os convidados em meio aquele cheiro de mato
estavam alterados pelo quentão e outra coisas mais.
Os pais e mães
dos noivos se agrediam mutuamente, vestiram os personagens como se diz em
teatro. E faziam panfletagem descaradamente… Eu sou mais a cunhada, dizia um
Baiguape (mistura de baiana com iguapense)… se é pra vê briga de muié, so mais
a do Rocio, gritava a musa dos cachorrões.
E começaram os
golpes baixos. Puxadas de cabelos, pontapés certeiros, dedo no olho, quentão na
cara. Chamaram os seguranças que gritavam: – Moral! Moral!
No final, que
festança, a turma do deixa disso, não deixou nada, nem a fogueira. Voltamos
para o conforto de nossas belas casas, cantando aquela musica imortal: – Eu só
quero ser feliz na favela onde eu nasci!
Um grupo
desavisado que cantava “as Pastorinhas”, foi agredido a pedradas e foi
socorrido pelos “irmãos do bem”, que levaram os relógios da turma como
pagamento do auxilio prestado. Já o pessoal “do mal”, como estava de mal com
todo o mundo, nos deram uma carona e nos deixaram na porta de casa.
GASTÃO
FERREIRA/IGUAPE/2007

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