BARRA DO RIBEIRA

  (14-02-2009)
                Distante
18 km do centro de Iguape, é o portal para a Estação Ecológica de
Juréia-Itatins. Com cerca de 3.800 habitantes fixos, possui 2.200 casas, cinco
igrejas, quatro restaurantes, quatro supermercados, doze bares, duas
mercearias, duas peixarias, uma loja, três sorveterias, sete quiosques na orla
marítima, vários pontos de venda de artesanato e aproximadamente trinta pousadas.
                No
porto da balsa do lado pertencente à Icapára, lentamente está se formando uma
favela, com invasão de terras devolutas e acúmulo de lixo. É o local que serve
de estacionamento aos quinze ônibus, cota liberado pela prefeitura por final de
semana para visitantes da praia local. Esse logradouro fica atulhado de gente
devido ao embarque de carros para o outro lado e pelos usuários de ônibus
turísticos e lotações para o centro da cidade. Tanto os turistas como quem vive
no local reclamam da falta de um telefone público, tipo orelhão. Já se recorreu
até mesmo ao deputado Samuel e fizeram vários abaixo assinados as autoridades
competentes e nem a própria telefônica se interessou a disponibilizar a linha
altamente necessária. No local o uso de celular é ineficaz.
                No
porto da balsa do lado pertencente à Barra e concluído recentemente, tudo muda.
Muito bem acabado, amplo, limpo, em excelente estado de conservação e
terminando num lindo jardim com bancos, árvores frondosas a beira do rio
Suamirim. A bela praça conta com lixeiras de tubos de concreto caiados de branco,
mantendo-se o local impecável.
                O lixo
da vila é retirado por um caminhão coletor vindo do bairro Icapára e na falta
deste por uma caçamba emprestada por comerciantes locais. As reclamações dos
moradores são a falta de agência de Correios, médicos, calçamento e reforma do
postinho de saúde.
                O
potencial turístico é algo que chama a atenção. Um local sossegado, com pouco
lixo jogado nas ruas de areia e nas com calçamento no centrinho do bairro.
Pescadores consertando suas redes a margem do Suamirim dão o toque caiçara e os
inúmeros barcos informam que a pesca amadora é intensa. A praia é limpa e com
muitos coletores individuais de lixo. Possui várias lanchonetes na orla
marítima e a visão distante das montanhas da serra da Juréia-Itatins embelezam
o cenário.
                Não
possui banca de jornal e revistas, casa lotérica, centro cultural e nenhuma
agência bancária ou caixa eletrônico. O turista desavisado que necessite com
urgência de tais serviços, deve se deslocar até o centro do município para
utilizar os serviços que o bairro não tem como ofertar. Finda a última campanha
eleitoral, um único eleito pelo voto popular foi até o local. O vereador eleito
Assaél e mais ninguém.
                Aparentemente
os problemas básicos do bairro são de fácil solução, não envolvendo fantásticos
investimentos. A queixa mais comum é a desatenção das autoridades as
reivindicações dos moradores. Esquecer ou relegar picuinhas políticas, os da
Barra sempre são do contra, uma melhoria na questão do turismo e teríamos uma
mina a ser explorada e utilizada em benefício da região.
O número de
pescadores residentes no bairro não chega a cem, porem a atividade pesqueira é
intensa e constante, vindo pescadores de diversos bairros do município para ali
exercerem seu oficio. Fora dos meses de temporada 60% das casas ficam
desabitadas, casas de turistas, ocorrendo pequenos furtos e depredações. Nesses
meses o bairro se mantém comercialmente ativo graças ao grande número de
aposentados que elegeram o lugar para fugirem do estresse das grandes cidades.
                A Barra
do Ribeira é constantemente visitada por emissoras de TV e repórteres de
jornais de circulação nacional. O povo reclama que tais visitantes não querem
publicar nada que desabone o local (falta de estrutura turística, saúde, etc.)
alegando que ali estão para mostrar ao mundo a beleza e o potencial turístico e
não para denunciar o que os governantes têm por obrigação de fazer.
                O
bairro Barra do Ribeira está situado a margem esquerda da foz do rio Ribeira de
Iguape. Contido entre o encontro do rio Suamirim com o rio Ribeira, um bairro
meio ilha, fazendo divisa com a Juréia e o mar. Com alto índice de preservação
ambiental, é talvez a última amostra do que foi nossa região em termos
ecológicos na época do descobrimento. Por suas areias passaram jesuítas,
piratas, incas e indígenas de várias etnias. O seu solo guarda histórias de
milhares de anos, lendas de civilizações que não chegaram até nós e que jamais
conheceremos, lembranças de homens e mulheres que por ali perambularam, que
amaram, riram, choraram e viveram. Gente igual a nós, passageira dessa
barquinha Terra que navega no universo. Pessoas que souberam respeitar o local
onde viveram. Que essa insignificante reportagem possa chegar até aqueles que
detêm o poder de melhorar ou destruir o legado de nossos antepassados.
GASTÃO FERREIRA/14-02-2009/IGUAPE

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