A VISITA DO
EXTRATERRESTRE
Pois não é que recebemos aqui na corte a visita de um extraterrestre
muito simpático. Veio estabelecer relações comerciais e entre os milhares de
burgos do planeta Terra escolheu nossa progressiva cidade. Coisas de ETs.
No começo todos acharam que era brincadeira de algum
carnavalesco frustrado. O disco voador era pequeno e cheio de luzes que
piscavam alucinadamente. Um curioso, não se contendo, tocou no estranho objeto
e levou um choque violentíssimo, está gago até hoje.
Quando a noticia do choque se espalhou, a população
largou seus inúmeros afazeres e acorreu ao campo de futebol para observar o
fenômeno. Os homens da lei chegaram e isolaram o local. As autoridades, gente
como a gente, também curiosos lá estavam à espera dos finalmente.
De repente não mais do que de repente, desliza a porta
do ÓVNI e um ser parecido com um pequeno macaco, tipo bugio, sai jogando
espelhos e colares de plástico, dizendo em bom e claro português:- Mim XPT… Mim
fazer negócios… Mim falar com chefe…
O chefe chegou. Por incrível que pareça não houve
atraso. E, já zangado e cheio de razão ia reclamar da brincadeira, quando notou
o belíssimo, caríssimo e reluzente colar de ouro que XPT usava, e, tornando-se
macio e humilde falou: – Mim o chefe!
XPT contou sua história, ali mesmo, na frente do povo.
Quando falou em vultosos negócios e que a nave estava carregada com ouro e
pedras preciosas, o chefe achou melhor ter uma conversa reservada com a
criatura e educadamente a convenceu a acompanhá-lo até o palácio residencial.
XPT estava extasiado, como é que uma gente tão
primitiva conseguia se comunicar tão bem. No palácio o chefe apresentou-o a
chefe, aos chefinhos e aos chefetes, exaltando as qualidades e qualificações de
cada um. XPT falou de negócios bilionários e exigiu bons antecedentes para
concretizá-los. O chefe mostrou seus diplomas de chefe que eram vários, pois
entre um exílio e outro lá vinham outro diploma para reconfirmar no cargo. XPT
não havia se enganado, o homem estava entre os dez melhores em um país que
possuía mais de cinco mil cidades, centenas delas consideradas de primeiro
mundo, o homem deveria ser um privilegiado e um gênio administrativo.
XPT era um bom comerciante e logo tratou de saber o
que o progressivo local poderia oferecer em termos de troca. Deixando no ar um
quê de mensalinho extra, se obtivesse algumas vantagens. O chefe falou… falou…
falou e no final disse: – temos chuchu!… Chuchu? Não! Disse XPT.
– Temos maracujá!… XPT: – oh… Oh… Não!
– Manjuba?… nem pensar.
O chefe se desesperava vendo fugir o negócio do
milênio, e, no desespero entendeu como era pobre o seu vale. XPT, astuto
comerciante, também estava desgostoso. Como um local cujo líder era um dos dez
melhores em um imenso país que exportava para todo o planeta produtos
industrializados, medicamentos, novelas, livros e idéias, não tinha nada
criativo ou tecnológico para ofertar. E, conclui que se um dos dez melhores era
assim, imaginem os outros. Voltou a sua pequena nave carregadas de tesouros e
alta tecnologia e foi em busca de outro planeta.
Foi assim que perdemos a chance de sermos os primeiros
exportadores galácticos. Quem sabe num futuro não muito remoto, outro XPT passe
por aqui, e, tomara que então seja diferente.
Gastão Ferreira/Iguape/2006

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