SOBRE… NOMES

            Rolantina de Jesus Teixeira
detestava o próprio nome; nunca aceitou as explicações da mãe, Dona Thalyta
Amorim Teixeira, de que promessa é dívida. Quando jovem Thalyta Amorim de Jesus,
ao voltar da Praia do Leste sofreu um acidente; o automóvel perdeu os freios
bem na descida do Morro do Pinheiro, chegou a alcançar cento e oitenta
quilômetros por hora. A garota viu a morte frente a frente, desesperada fez uma
promessa ao único santo que voa e gritou desesperada; “meu divino Espírito Santo,
me dê suas asas e salve-me, juro dar seu nome ao meu primeiro filho”, foi salva
na hora.
            Thalyta casou com Ocimar Teixeira,
quando se descobriu grávida de uma menina, lembrou-se da promessa feita ao
divino Espírito Santo, a Rôla da Paz. Eis a razão do nome Rolantina, não podia
chamar a guria de Rôla de Jesus, ninguém merece! Que a criança fosse feliz como
Rolantina de Jesus Teixeira.
            As brincadeiras de mau gosto foram
companheiras constantes; os coleguinhas de estudo não perdoavam e o bulling
rolava solto. Para os amiguinhos de fora da escola, se apresentava como Tina.
Grande esportista praticava judô e capoeira, sua formosura conquistava muitos
fãs e terríveis inimigas, toda a beleza gera ciúmes e inveja.
            Tina era uma garota especial,
tolerante com os menos favorecidos, sentia na própria pele o que era o
preconceito; nunca zombava de ninguém, não contava piadinhas idiotas, não era
fofoqueira e não admitia mentiras, um amor de garota, e, muito linda e
charmosa.
            Na oitava série conheceu Euviro Fortes
Rego e foi amor à primeira chamada; foi a única a não gargalhar quando a
professora conferiu a presença dos alunos. Euviro deu o troco e também não caiu
na farra ao ouvir a professora chamar Rolantina de Jesus Teixeira. Na verdade
sorriu; havia encontrado sua esperada musa.
            Tina e Viro concluíram seus estudos
básicos e passaram no vestibular na primeira tentativa, eram inteligentes e
estudiosos. Optaram por veterinária, assim não necessitavam falar o nome
próprio aos clientes. Um dia se casaram, Tina passou a assinar Rolantina
Teixeira Rego, montaram uma clínica em sociedade. Com o tempo vieram os filhos
e Tina grávida de trigêmeos caprichou nos nomes; Graça, Greyce e Gleyce… Umas
gracinhas!
            As irmãs Teixeira Rego cresceram
fortes e saudáveis. A clínica veterinária prosperou, a situação financeira era
ótima, as crianças foram matriculadas em escola particular. No primeiro dia de
aula as crianças voltaram tristes para casa, Tina e Viro perguntaram qual o
motivo de tanta tristeza. As gurias explicaram; na hora da chamada, os
coleguinhas caíram na risada quando a mestra perguntou; -“Quem é Graça Teixeira
Rego?”, rolaram no chão com o nome Greyce Teixeira Rego e soluçaram de tanto
rir com Gleyce Teixeira Rego.
            Tina contou as filhas à história de
seu próprio nome; -“ Se não acreditam perguntem a vovó Thalyta! Foi quem fez a
promessa ao Divino Espírito Santo, a Pomba-rôla da Paz.” As crianças entenderam
e ficaram contentes… Tina achou estranho o contentamento das filhas e indagou
o motivo. As meninas responderam; – Graças a Deus que não foi vovó quem
escolheu nossos nomes!
            As irmãs Teixeira Rego cresceram e
já estão namorando; se encantaram pelos irmãos Fortes. Caso ocorra casamento,
como ficarão os sobrenomes? Essa é outra história para o futuro, me aguardem!
Gastão
Ferreira/2013 
           

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