O despertar da Princesa

         Quando
a aurora, espantando a noite, surge por entre as montanhas em novo amanhecer, a
vida se renova; bandos de bem-te-vis, saíras, sabiás, sanhaços, pombas e
gaviões em revoadas enfeitam os céus. Na mata as árvores se vestem de todas as
tonalidades de verde e os ipês amarelos se destacam na vegetação; galos cantam
nos quintais saudando a madrugada.
         No
manguezal os pequenos guaiamus abandonam as suas tocas em breves corridas na
cata de alimento. Os socós e os rubros guarás, enfileirados nas copas das
árvores, espiam atentos o lanche matinal. Prateados robalos saltam entre
marolas no lagamar; paratis fugidios nadam em cardumes e os vorazes mandis
perseguem os tímidos pitus.
         Pescadores
lançam suas tarrafas e redes; na proa da embarcação um cão fiel observa a
faina; barcos a motor passam velozes na busca de pesca graúda em águas
profundas ou quiçá no mar; os amantes da pesca amadora percorrem a margem do
canal a procura de parceiros e iscas; esportistas correm cadenciados nos calçadões
e cães caminham junto a seus donos no exercício diário.
         O
dia anda rápido e o sino da Matriz marca o passar das horas; ao entardecer as
garças brancas voltam aos ninhais e o céu, antes azul, se tinge de todas as
tonalidades do vermelho; os biguás dão seus últimos mergulhos, cambacicas e
corruíras procuram abrigo nos velhos muros de pedras; andorinhas dançam na
tarde que se despede e os beija-flores se escondem entre a folhagem e os vãos
dos telhados; um gavião solitário sobrevoa a torre da igreja e as corujas saem
de seus esconderijos.
         A
noite abraça suavemente a velha Princesa do Litoral; no alto da montanha,
refletores iluminam a estátua do Cristo Redentor; surge a lua clareando as
águas do lagamar; pescadores voltam dos rios e do mar… Mais um dia se foi; as
estrelas espiam do céu o adormecer de Iguape.
Gastão Ferreira/2014

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