As bruxas do morro do Pinheiro (Lendas urbanas)
Contam as lendas urbanas do município de Iguape, que
no inicio do século XX, vivia no sopé do morro do Pinheiro, próximo ao bairro
de Icapara, uma família de bruxas. Naquela época, acreditava-se que se um casal
tivesse sete filhas consecutivas, a sétima fatalmente seria uma bruxa.
no inicio do século XX, vivia no sopé do morro do Pinheiro, próximo ao bairro
de Icapara, uma família de bruxas. Naquela época, acreditava-se que se um casal
tivesse sete filhas consecutivas, a sétima fatalmente seria uma bruxa.
Nhá Pedrina era uma sétima filha, ou seja, uma bruxa.
Casou com nhô Paulico e tiveram sete filhas, dando continuidade a maldição.
Vinham poucas vezes a cidade, faziam seus encantamentos no meio da mata, não
eram totalmente más. Algumas pessoas as procuravam em busca de garrafadas
miraculosas para seus muitos achaques. Outras queriam filtros amorosos,
dinheiro fácil e vingança a qualquer preço.
Casou com nhô Paulico e tiveram sete filhas, dando continuidade a maldição.
Vinham poucas vezes a cidade, faziam seus encantamentos no meio da mata, não
eram totalmente más. Algumas pessoas as procuravam em busca de garrafadas
miraculosas para seus muitos achaques. Outras queriam filtros amorosos,
dinheiro fácil e vingança a qualquer preço.
Fabíola, a sétima filha do casal, era de uma beleza
ímpar. As demais filhas não possuíam os atributos físicos da irmã mais nova.
Cada uma delas era especialista em um ramo da magia negra. Florisbela entendia
de plantas, Anabela de animais peçonhentos, Clarabela de amores mal resolvidos,
Lucibela, Lindabela e Isabela do restante dos sortilégios.
ímpar. As demais filhas não possuíam os atributos físicos da irmã mais nova.
Cada uma delas era especialista em um ramo da magia negra. Florisbela entendia
de plantas, Anabela de animais peçonhentos, Clarabela de amores mal resolvidos,
Lucibela, Lindabela e Isabela do restante dos sortilégios.
Naquele tempo não existia a estrada que liga Icapara a
Iguape, o caminho era o Mar Pequeno. Para se chegar à casa de nhá Pedrina,
somente de canoa. Os caboclos ficavam pasmos ante a beleza de Fabíola; a garota
se mostrava arisca e reservada. Poucas pessoas conseguiam se aproximar da
beldade. Um bando de bugios a protegia e sempre que um forasteiro era notado,
os bugios denunciavam a estranha visita e afugentavam os curiosos.
Iguape, o caminho era o Mar Pequeno. Para se chegar à casa de nhá Pedrina,
somente de canoa. Os caboclos ficavam pasmos ante a beleza de Fabíola; a garota
se mostrava arisca e reservada. Poucas pessoas conseguiam se aproximar da
beldade. Um bando de bugios a protegia e sempre que um forasteiro era notado,
os bugios denunciavam a estranha visita e afugentavam os curiosos.
Muitos jovens desapareciam misteriosamente; eram
aqueles que obtinham uma entrevista com Fabíola. Um rapaz, chamado Maéco, que
acompanhou um amigo até o sitio de nhá Pedrina, escondeu-se na mata e assistiu
horrorizado Fabíola transformar seu camarada, o belo Joaris, em um bugio.
aqueles que obtinham uma entrevista com Fabíola. Um rapaz, chamado Maéco, que
acompanhou um amigo até o sitio de nhá Pedrina, escondeu-se na mata e assistiu
horrorizado Fabíola transformar seu camarada, o belo Joaris, em um bugio.
Alguns caçadores contaram estranhas histórias; um
bugio foi morto e, em um de seus dedos, encontrado um anel de prata. Uma
corrente de ouro estava no pescoço de outro guariba caçado a tiro. O anel foi
reconhecido como pertencente a Wilson Wilssonsons, um paquerador que se
declararou apaixonado por Fabíola e desaparecido recentemente. A corrente de
ouro, com a imagem de santa Liduina, protetora das pessoas de fino trato, pertencia
ao jovem Aristeu Neves, também perdido de amores por Fabíola.
bugio foi morto e, em um de seus dedos, encontrado um anel de prata. Uma
corrente de ouro estava no pescoço de outro guariba caçado a tiro. O anel foi
reconhecido como pertencente a Wilson Wilssonsons, um paquerador que se
declararou apaixonado por Fabíola e desaparecido recentemente. A corrente de
ouro, com a imagem de santa Liduina, protetora das pessoas de fino trato, pertencia
ao jovem Aristeu Neves, também perdido de amores por Fabíola.
Na calada da noite, um grupo de capangas de um famoso
coronel, que se achava prejudicado pelas mandingas das feiticeiras, incendiou o
antro satânico. Somente Fabíola escapou; os bugios a esconderam no alto do
morro do Pinheiro. A bela feiticeira passou a viver entre os macacos e por
muitos anos ninguém soube nada a seu respeito.
coronel, que se achava prejudicado pelas mandingas das feiticeiras, incendiou o
antro satânico. Somente Fabíola escapou; os bugios a esconderam no alto do
morro do Pinheiro. A bela feiticeira passou a viver entre os macacos e por
muitos anos ninguém soube nada a seu respeito.
Fabíola se aprofundou nas artes satânicas, descobriu o
mandante da matança de seus familiares e preparou a vingança. Numa sexta-feira,
noite sem luar, após os encantamentos, pegou sua vassoura e voou em direção à
cidade de Iguape. Foi sua última
maldade; vinha voando por entre a vegetação do manguezal, chegou aos baixios da
Pirá e se preparava para lançar sua derradeira maldição sobre a cidade, quando
foi transformada em poeira. Sobre o morro do Espia, uma escultura colossal, de
braços abertos, frustrou sua vingança… Era o ano de 1954 e a feiticeira, que
há muito não saia de seu antro, não sabia que o povo erguera uma grande estátua
em homenagem ao Cristo Redentor e que ele protegia Iguape.
mandante da matança de seus familiares e preparou a vingança. Numa sexta-feira,
noite sem luar, após os encantamentos, pegou sua vassoura e voou em direção à
cidade de Iguape. Foi sua última
maldade; vinha voando por entre a vegetação do manguezal, chegou aos baixios da
Pirá e se preparava para lançar sua derradeira maldição sobre a cidade, quando
foi transformada em poeira. Sobre o morro do Espia, uma escultura colossal, de
braços abertos, frustrou sua vingança… Era o ano de 1954 e a feiticeira, que
há muito não saia de seu antro, não sabia que o povo erguera uma grande estátua
em homenagem ao Cristo Redentor e que ele protegia Iguape.
Na atualidade, quem vai de Iguape para Icapara, à
tardinha escuta o alarido do bando de bugios, que no morro do Pinheiro ainda
espera a volta de Fabíola. Eles jamais se aproximam da cidade, o Homem da
Montanha não permite.
tardinha escuta o alarido do bando de bugios, que no morro do Pinheiro ainda
espera a volta de Fabíola. Eles jamais se aproximam da cidade, o Homem da
Montanha não permite.
Gastão
Ferreira/Iguape/2013
Ferreira/Iguape/2013
Gastão Ferreira começou a publicar seus textos aos 13 anos. Reconhecido por suas crônicas e poesias premiadas, suas peças de teatro alcançaram grandes públicos. Seus textos e obras estão disponíveis online, reunidos neste blog para que todos possam desfrutar de sua vasta e premiada produção.