A ONÇA E A SUCURI

Bem lá no meio da mata
Numa tapera sombria
Onde o choro da cascata
Por entre pedras corria…
Por ali a suçuarana…
Emissária de Anhangá
É a rainha e soberana
Com sua fama de má…
Não era onça pintada
Era onça verdadeira
Ela não temia nada
Dona de bote certeira
Os animais procuraram
Caipora em romaria…
Todos eles imploram
Pedindo a sua valia…
Caipora entristecido…
À Tupã pediu socorro
Forte trovão foi ouvido
Pelas encostas do morro
É na margem do Ribeira
Onde o sabiá canta mais
No galho da laranjeira
À sombra dos bananais
Água que bicho sufoca
Não tem somente siri…
Dorme faminta na toca
Uma cobra sucuri…
A cobra faminta estava
Muitas luas sem comer
A fome nela roncava…
Na sua barriga a doer…
Arrastou-se de mansinho
Pela floresta avançou…
Numa curva do caminho
A cobra a onça avistou…
Enrolou da cauda a ponta
Num tronco de Guaracava…
Certeiro bote ela apronta
Na fera que espreguiçava
Foi uma briga maneira
Muito feia de se ver…
Pois a onça altaneira
Queria a cobra morder
A sucuri se enroscou
Na fera que assediava
Urros a mata escutou
Da onça que agonizava
Silêncio se fez na mata
A cobra a fera engolia…
Ao longe o som da cascata
A paz na selva volvia…
A sombra de uma Aroeira
Numa tapera esquecida…
Sonha ao som da cachoeira
Uma cobra adormecida…
É na margem do Ribeira
Onde o Sabiá canta mais
Saudade da laranjeira…
Lembrança dos bananais!
Gastão Ferreira/2013

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