O gato preto
O
período escravista brasileiro vai de 1.550 a 1.888, foram 338 anos de
escravidão, e Iguape sempre esteve no centro deste triste comercio de seres
humanos. Os negros fugidos se reuniam em Quilombos; os quilombos, também
chamados de mocambos, eram aldeias no meio das matas, em um local de difícil
acesso, onde se escondiam os escravos que se evadiam das fazendas e das casas
de famílias onde eram cativos. Nosso
causo se passou no quilombo de Morro Seco, Iguape, litoral do Estado de São
Paulo, há muitos e muitos anos.
período escravista brasileiro vai de 1.550 a 1.888, foram 338 anos de
escravidão, e Iguape sempre esteve no centro deste triste comercio de seres
humanos. Os negros fugidos se reuniam em Quilombos; os quilombos, também
chamados de mocambos, eram aldeias no meio das matas, em um local de difícil
acesso, onde se escondiam os escravos que se evadiam das fazendas e das casas
de famílias onde eram cativos. Nosso
causo se passou no quilombo de Morro Seco, Iguape, litoral do Estado de São
Paulo, há muitos e muitos anos.
Tem
cachoeiras, tem águas represadas, lagos, riachos cristalinos, altas montanhas,
cerros cobertos por grama rasteira, vales profundos, plantação de arroz,
bananal, roças de aipim e mandioca, cana de açúcar, criação de suínos e aves,
criadouros de peixe em cativeiro, mata atlântica com sua fauna e flora, aves de
todas as cores. O quilombo de Morro Seco dorme em meio à tanta beleza, o bairro
rural é constituído de sítios, e todas as casas estão afastadas das estradinhas
de terra que cortam a zona rural; não existem placas indicativas, e os poucos
visitantes se perdem fácil em meio a densa floresta e os muitos regatos.
cachoeiras, tem águas represadas, lagos, riachos cristalinos, altas montanhas,
cerros cobertos por grama rasteira, vales profundos, plantação de arroz,
bananal, roças de aipim e mandioca, cana de açúcar, criação de suínos e aves,
criadouros de peixe em cativeiro, mata atlântica com sua fauna e flora, aves de
todas as cores. O quilombo de Morro Seco dorme em meio à tanta beleza, o bairro
rural é constituído de sítios, e todas as casas estão afastadas das estradinhas
de terra que cortam a zona rural; não existem placas indicativas, e os poucos
visitantes se perdem fácil em meio a densa floresta e os muitos regatos.
Nhá
Anézia arrumou uma quizila feia com o babalaô do mocambo, pai Zé Belinho de
Ogum; uma coisa boba se transformou em ódio mortal por parte do pai-de-santo, e
ele mandou através de suas artes satânicas, uma entidade maléfica atazanar a
vida de nhanhá. A mulher começou a ter pesadelos, cobras venenosas invadiam a
sua choupana, ruídos estranhos após o anoitecer, um vulto rondava a palhoça, e
por vezes até mesmo risadas diabólicas cortavam o silêncio noturno.
Anézia arrumou uma quizila feia com o babalaô do mocambo, pai Zé Belinho de
Ogum; uma coisa boba se transformou em ódio mortal por parte do pai-de-santo, e
ele mandou através de suas artes satânicas, uma entidade maléfica atazanar a
vida de nhanhá. A mulher começou a ter pesadelos, cobras venenosas invadiam a
sua choupana, ruídos estranhos após o anoitecer, um vulto rondava a palhoça, e
por vezes até mesmo risadas diabólicas cortavam o silêncio noturno.
Contam
as lendas urbanas que o gato preto, é o guardião por excelência da casa aonde ele
vive; ele protege a vivenda da inveja, do mau olhado, das coisas mandadas, e
transforma a energia negativa em positiva. Nhá Anézia possuía um gato preto.
Negão não dava moleza, dormia aos pés da cama de Anézia, matou muita cobra
venenosa, e espantou muita alma penada do quartinho de sua dona. Quando pai Zé
Belinho de Ogum, descobriu a existência de Negão, mandou um demônio da mata
para acabar com o gato.
as lendas urbanas que o gato preto, é o guardião por excelência da casa aonde ele
vive; ele protege a vivenda da inveja, do mau olhado, das coisas mandadas, e
transforma a energia negativa em positiva. Nhá Anézia possuía um gato preto.
Negão não dava moleza, dormia aos pés da cama de Anézia, matou muita cobra
venenosa, e espantou muita alma penada do quartinho de sua dona. Quando pai Zé
Belinho de Ogum, descobriu a existência de Negão, mandou um demônio da mata
para acabar com o gato.
Naquela
noite ocorreu uma grande tempestade, uma trabuzana, no dizer caiçara; parecia
que o mundo ia acabar em ventania, raios, relâmpagos, trovões, chuva torrencial
e bem no meio de toda esta muvuca, a entidade maléfica, amiga de pai Zé Belinho,
invade a pequena sala de nhá Anézia. O gato Negão salta da cama e encara a
visagem, nhanhá se apega a todos os santos, orixás, espíritos da floresta.
Negão era um gato valente, e não fugiu da luta; o ser do mal era alto, quase da
altura da parede da choça, e quando tudo indicava que ele poria fim as sete
vidas do gato Negão, um sinistro relâmpago cortou a escuridão, e nhanhá jura
que viu Tupã, o pai de todos, desfazer no ar a visagem satânica, e não muito
longe dali um raio fendeu a terra, Anhangá gargalhou e a chuva cessou, e o céu
se cobriu de estrelas.
noite ocorreu uma grande tempestade, uma trabuzana, no dizer caiçara; parecia
que o mundo ia acabar em ventania, raios, relâmpagos, trovões, chuva torrencial
e bem no meio de toda esta muvuca, a entidade maléfica, amiga de pai Zé Belinho,
invade a pequena sala de nhá Anézia. O gato Negão salta da cama e encara a
visagem, nhanhá se apega a todos os santos, orixás, espíritos da floresta.
Negão era um gato valente, e não fugiu da luta; o ser do mal era alto, quase da
altura da parede da choça, e quando tudo indicava que ele poria fim as sete
vidas do gato Negão, um sinistro relâmpago cortou a escuridão, e nhanhá jura
que viu Tupã, o pai de todos, desfazer no ar a visagem satânica, e não muito
longe dali um raio fendeu a terra, Anhangá gargalhou e a chuva cessou, e o céu
se cobriu de estrelas.
Pela
manhã, nhá Anézia ficou sabendo que no final da trabuzana, um raio incendiou a
cabana de pai Zé Belinho de Ogum, e que o babalaô teve morte instantânea; ela
olhou para o gato Negão e comentou; – “Nem vou dizer nada! Quem iria acreditar
que Tupã, o pai de todos, é o protetor do quilombo do Morro Seco.”
manhã, nhá Anézia ficou sabendo que no final da trabuzana, um raio incendiou a
cabana de pai Zé Belinho de Ogum, e que o babalaô teve morte instantânea; ela
olhou para o gato Negão e comentou; – “Nem vou dizer nada! Quem iria acreditar
que Tupã, o pai de todos, é o protetor do quilombo do Morro Seco.”
Gastão Ferreira/2019
Gastão Ferreira começou a publicar seus textos aos 13 anos. Reconhecido por suas crônicas e poesias premiadas, suas peças de teatro alcançaram grandes públicos. Seus textos e obras estão disponíveis online, reunidos neste blog para que todos possam desfrutar de sua vasta e premiada produção.
