Na beira-mar

 

         Desde
que o mundo é mundo, e o homem desenvolveu a fala, milhares de teorias foram
criadas; a teoria extraterrestre, a do macaco ancestral, Adão e Eva, a da Terra
Oca, a da Terra Plana, a dos Mares Habitados, a dos Mundos Paralelos, e muitas
outras…

 

         Para
muitas coisas não existe uma explicação lógica, mas como duvidar de que alguém
viu um “disco-voador”, ou foi abduzido por um óvni? Tem gente que jura que deu
de cara com um lobisomem, uma visagem, um encantado das matas…

 

         O
homem olha para o espaço sideral e pensa; -“Zilhões de sóis, com suas estrelas,
e a Terra é a única habitada; quanto desperdício!”, os oceanos ocupam dois
terços do planeta, será que não existe vida inteligente nos mares?

 

        
muitos mistérios envolvendo a humanidade; desde tempos imemoriais algo muito
estranho ocorre num balneário de uma ilha no litoral paulista… Crianças,
animais, e turistas desaparecem sem deixar rastro; ninguém sabe, e ninguém
viu…

 

         Alguns
caiçaras acham que as pessoas sumidas foram levadas para outro planeta, outros
acreditam que os perdidos foram vendidos como escravos, ou raptados pelo povo
do mar.

 

         Sem
exagero, a cada ano desaparecem dez indivíduos; não são muitos, mas como a
ocorrência é numa ilha, o bizarro é que jamais o mar devolveu um corpo. Na
verdade nunca ninguém presenciou um afogamento… Pessoas simplesmente somem…

 

         Semana
passada algo estarrecedor ocorreu; num final de semana quinze crianças
desapareceram na ilha, eram alunos de uma escola do continente… A polícia, os
bombeiros, gente da Marinha, todos a procurar pelos pequenos…

 

         Com
toda a moderna tecnologia a disposição nenhum corpo foi achado, sonares
varreram o fundo do mar, muitas redes de arrasto foram usadas, barcos,
helicópteros, lanchas, e nada… Nada… Nada…

 

         No
quinto dia encerram as buscas; o pessoal do resgate se preparava para deixar a
ilha quando uma notícia chegou; foram encontrados objetos pessoais das crianças
desaparecidas…

 

         Num
barranco da praia, trazidos pela maré, ou não, estavam enfileirados quinze
dúzias de chinelos, os chinelos que faziam parte do kit-escola… Um curioso
descobriu o cano de uma bota, ao cavar apareceram centenas de calçados. Alguns
de épocas diferentes, sapatos, sandálias, tamancos…

 

         O
mistério a beira-mar continua sem solução; qual o motivo do mar, ou de alguém
levar apenas os corpos e deixar os calçados? Ninguém sabe… Fique atendo ao
andar na beira da praia; quando encontrar um par de chinelos de dedo, se
estiverem juntos fique esperto e corra, você poderá ser o próximo a ser
raptado, abduzido, desintegrado…

 

 

Gastão Ferreira/2021

          

        

        

        

        

        

 

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