CALÇADAS…

Essas calçadas antigas
Guardam segredos sombrios
De amores desencontrados
Corações em eternos cios…
Guardam presente e passado
As espadas e os seus fios…
Os sonhos desencantados
Velhos portos sem navios…
Veem donzelas nas janelas
Em antigos casarões…
Lagamar com caravelas
Os piratas e seus canhões.
Caminhante em romaria
Aqui promessa tem fim
E depois que covardia!…
Mata as flores do jardim
Tantos pés hoje esquecidos
Deixaram aqui muita dor…
São tantos sonhos perdidos!
Tange a viola um cantador…
Quantas pessoas pisaram
Nessas pedras centenárias
Olhos que olhos fitaram…
De modo? De modos vários.
A moça seguiu sorrindo
Numa espera de encontrar
Desejo que vem surgindo
Para na vida brincar…
O menino virou homem
A moça agora é mulher…
Destino que a todos comem
Morte que nos vem colher…
O pecador virou santo
Pilantra virou pastor…
Oh vida cheia de espanto!
Passa Cristo em seu andor.
Passam todos na calçada
O mendigo e o sonhador
A velhinha tão cansada
… Menino namorador…
Passa o riso, a alegria…
O orgulho e a compaixão
Criança de mão vazia
O honesto e o ladrão…
Se nossas calçadas falassem
Quantas máscaras cairiam…
Ah se as pedras contassem!
Que será que elas diriam?
Gastão Ferreira/2013

Deixe um comentario

Livro em Destaque

Categorias de Livros

Newsletter

Certifique-se de não perder nada!