Árvore plantada pelo Lobisomem
LOBISOMEM
Quando Zeus, o pai dos deuses e dos homens do panteão mitológico grego, transformou o rei da Arcádia, Licaon em lobo, surgiu o primeiro Lobisomem. O Licantropo dos gregos é o mesmo que o Versipélio dos romanos, o Volkodlák dos eslavos, o Werewolf dos saxões, o Wahrwolf dos alemães, o Óboroten dos Russos, o Hamtamm dos nórdicos, o Loup-garou dos franceses. O Lobisomem da Península Ibérica, da América Central e da América do Sul, com suas modificações Lubiszon, Lubishon, Lubishome, nas lendas desses povos trata-se sempre da crença na metamorfose humana em lobo, por castigo divino.
Desde a era mais remota, a crença na metamorfose faz parte da mitologia de todas as civilizações. Incas, Maias, Astecas, indígenas sul-americanos têm suas lendas a respeito, porém com pequenas variações. Os colonizadores portugueses trouxeram consigo o Lobisomem herdado dos gregos e romanos. No período colonial, muitos desafetos foram mortos pela Besta Fera, quem sabe, uma morte anunciada ou uma desculpa esfarrapada de um crime não solucionado!
Na Princesa do Litoral, tão velha quanto o Brasil, os lendários Lobisomens sempre fizeram a festa. Nos bairros rurais, até os anos setenta do século passado, tal assunto era secretamente comentado pelos bares da vida. Os mais antigos sabem das histórias e quando as contam pedem segredo, pois, caso a narrativa chegue aos ouvidos do suspeito de virar Bicho, a vingança da fera será maligna.
No antigo Caminho do Porto, quando ainda era mal iluminado, muitas pessoas correram o risco de serem atacadas por um grande cão preto, que da escuridão da noite, do nada, surgia e aumentando de tamanho apavorava quem por ali passasse. Contam, as lendas urbanas do município, que um famoso prefeito foi atacado por um Lobisomem e que o valente alcaide defendeu-se na paulada, quase matando o animal… Foi assim que Durandino foi desencantado e pelo que se sabe, nunca mais atacou ninguém.
Durandino, mais conhecido como Bidam, é a pessoa a quem devemos a existência da belíssima árvore que enfeita a Praça Independência (Praça situada atrás da Igreja Nossa Senhora do Rosário). Foi, seu esforço e carinho que a preservou, dizem, que a molecada destruía cada muda recém plantada. Bidam fez com bambus, um alto cerco em volta da arvorezinha para evitar o vandalismo, eis a origem do belo círculo em torno da majestosa árvore que tanto nos encanta com suas flores vermelhas e ramagem exuberante.
Em Iguape, existiram muitos suspeitos de ser o Bicho Fera. Hoje, com a farta iluminação, o contínuo trânsito de pedestres e veículos em horário noturno, o Lobisomem desapareceu, dando lugar aos oportunistas que assaltam quem passeia na madrugada.
Na Iguape de outrora, quando as famílias se reuniam a luz de lampiões, os mais velhos passavam aos filhos, nossas lendas, nossos causos, nossa história. Com certeza o Lobisomem fazia parte do mito e também do receio de tudo que se escondia na escuridão.
Gastão Ferreira/Iguape/2011
Gastão Ferreira começou a publicar seus textos aos 13 anos. Reconhecido por suas crônicas e poesias premiadas, suas peças de teatro alcançaram grandes públicos. Seus textos e obras estão disponíveis online, reunidos neste blog para que todos possam desfrutar de sua vasta e premiada produção.
Ana Holanda
11 de abril de 2011 - 3:01 am ·Lendo pude relembrar que ouvia meu pai contar causos muitos deles sobre lobisomem e assombração.
Parabéns pela crônica e por me proporcionar lembranças tão queridas.
abraços
www.ranierimirandaveraz.blogspot.com
25 de abril de 2011 - 10:13 pm ·queria ter esse dom com as palavras muito oportuno…parabens adoro quando visito aqui
www.ranierimirandaveraz.blogspot.com
25 de abril de 2011 - 10:14 pm ·queria ter esse dom com as palavras muito oportuno…parabens adoro quando visito aqui