O lobisomem caminhoneiro

Na noite em que o garoto Eduardo Lins completou dezoito anos algo inusitado ocorreu; ele despertou doido para ir ao banheiro, e a casinha ficava fora da casa… Mal ele havia dado alguns passos no pátio da habitação a lua cheia, que estava escondida entre as nuvens, clareou a escuridão… Dudu ficou tonto, e uma angústia sem fim se apoderou de sua alma.

Eduardo olhou para suas mãos e notou que elas estavam se transformando, na verdade ganhavam a forma de patas de cachorro; todo o seu corpo tremia, todo o seu corpo se modificava… Em desespero pulou a cerca da casa e correu para a mata, o restante foi esquecimento.

A vila acordou com os uivos de uma fera que rondava as poucas casas do povoado, Dona Zenaide espiou pelos buracos da parede de taipa e jurou que viu um grande e negro cão em luta com alguns cachorros da vizinhança…

Dona Aline Falafina contou para todos que o imenso cão ficou um bom tempo parado frente à casa de Marlene Prequeté e que farejava o ar ganindo baixinho… Aline Falafina tinha a certeza de que o bicho era um lobisomem…

Fora à grande muvuca noturna nada de mais ocorreu; um cachorro ferido, e duas galinhas desaparecidas, mas, sempre tem de haver um mas, mas, algo ficou sem uma explicação; o porquê de o bicho fera dar tanta atenção à casa dos Prequeté…

Dudu Lins arrastava em segredo uma asinha para os lados de Marlene Prequeté, aliás, arrastava as duas asinhas, e a menina moça fazia de conta que não notava a paquera já que também o jovem Luciano Nunes, filho do coronel Athaíde Nunes, lhe dedicava caras e bocas diariamente…

Aline Falafina, cuja única função que exercia plenamente era cuidar da vida alheia, levantou a lebre e chegou à conclusão que o lobisomem só podia ser o filho do coronel Athaíde, a fofoca chegou aos ouvidos do coronel e Falafina foi espancada por dois pedintes que passavam pela vila, e almoçaram na casa do moço Luciano Nunes, aí tinha!

Marlene Prequeté, apesar de Luciano Nunes jurar de pés junto que não era a besta fera, nunca mais quis saber do rapaz, e foi assim que começou a namorar Eduardo Lins…

O que é o destino! Dudu aprendeu rápido que nas noites de lua cheia devia estar bem longe de casa, como trabalhava com transporte e frete, ele sabia escolher onde estacionar seu caminhão nas noites fatídicas… Eduardo Lins percorreu todo o Brasil, e muito se divertiu; seu segredo jamais foi descoberto, se bem que a história do lobisomem caminhoneiro correu e corre por todo o país.

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