DONA BARATINHA


DONA BARATINHA
– UMA HISTÓRIA INFANTIL –

Naquele reino encantado onde os bichos e as bichas falavam os vermes faziam a festa, mandavam e desmandavam, não estavam nem aí para o restante dos habitantes da floresta. Quando um velho e esperto verme foi enquadrado pela lei, por ter metido a mão em cambuca, sobrou para Dona Baratinha. Foi ela quem ficou a frente do reino. Todos os bichos aplaudiram cheios de esperança:- Finalmente a honestidade olhará por nós!Dona Baratinha exterminará a raça amaldiçoada dos vermes que se nutrem do sangue alheio. O futuro chegou… Olé… Olé… Olá!
A primeira providência agradou a bicharada, a nova mandante contratou a peso de ouro um conjunto musical de outra floresta, chamado “Som da Trilha”, no que foi muito aplaudida:- Oba! Começou com festa.
O que ninguém sabia é que o reino fora amaldiçoado há muitos e muitos anos e todo o soberano mal colocava a coroa era absorvido pelo poderoso feitiço. Esquecia o propósito de melhorias, esquecia os moradores da floresta, esquecia a ética e a honestidade. Alguns dos ex monarcas chegaram a comprar imensas extensões de terras fora dos limites do reino, outros, locais de moradia para seus herdeiros e outros, belas tocas apenas com seus parcos rendimentos reais. Com Dona Baratinha não foi diferente, assim que iniciou seu reinado tomou gosto por longas viagens, conheceu lugares paradisíacos, usufruiu do bom e do melhor e descuidou da chave do cofre.
A floresta virou um caos, riachos poluídos, doenças, troca de favores e favores na troca. Quem devia exercer vigilância ao poder se omitia e passava a cantar loas a Dona Baratinha, cobrando altos cargos para seus afilhados junto à corte.
Quando o Exterminador de Pragas chegou e enquadrou a todos, o espanto generalizou-se, os mandantes juravam inocência, os corruptos escondiam as mãos sujas, os corrompidos juravam ter mãos limpas, os omissos gritavam que jamais calaram a voz e que foram eles que defenderam o reino da destruição total.
Na verdade o problema foi resolvido pelos próprios habitantes da floresta que desta vez fizeram corretamente a sua parte, pegaram os documentos necessários e no local onde estava o temido Exterminador, também chamado Urna, deram o voto certo. Foi assim que a Maldição foi quebrada, o Macaco não se trocou por bananas, o Gambá por uma garrafa de pinga, o Cupim por um pedaço de madeira e o Bicho Preguiça por algumas folhas verdes. Um bicho consciente pode mudar tudo a sua volta, basta querer e não se vender.
Dona Baratinha, com seu gosto por viagens, hoje é muito feliz. Por seu grande amor ao conjunto “Som da Trilha”, associou-se ao grupo e com ele percorre o mundo cantando e dançando. Os demais participantes da história trocaram de máscaras e tentam passar uma imagem de humildade e competência, baixando o sarrafo no novo rei. Viva a floresta!O palco da vida. Onde desde que o Mundo é mundo, todas as histórias se repetem, pois só mudam os personagens.

Gastão Ferreira

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