APENAS UM ANJO


APENAS UM ANJO…

Quando o Anjo desceu, desparafusou as asas, trocou de roupas e foi fazer o seu trabalho. Evitou a tempo um acidente de carro, retirou um gato do alto de uma árvore, consolou um menino que perdera a pipa, ajudou uma velhinha a atravessar a rua, correu atrás de um ladrão.
Ao meio dia comeu da marmita requentada, dividiu com um pedinte o que restou, ouviu a história do mendigo e prometeu que conseguiria um trabalho se ele o acompanhasse a uma instituição. Ouviu um não:- “Estou pedindo comida, agasalho, alguns trocados em nome de Nosso Senhor, por favor, não insista, trabalho não!”
Quase no fim do expediente uma briga de transito chamou sua atenção, consegui evitar uma tragédia, a bala picotou. Ao homem que voltava a pé para casa por não ter como pagar a condução, mostrou uma carteira com dinheiro e sem documento estendida no chão. O homem abriu a carteira, agradeceu a Deus, contou as notas e pensou:- “Vou passar no mercado, fazer umas comprinhas, não posso esquecer-me do Joãozinho o meu filhote, hoje ele vai ter um doce depois do jantar.”
O Anjo se emocionou. Todo o homem nasce bom, ele sabia que o que falta é o tal de amor ao próximo. Uns com tanto, outros sem nada… Fazer o quê cada um com sua cruz, mas não é por isso que devemos negar uma ajuda na hora certa. Nosso Pai é um bom pai, não deixa seus filhos no abandono, o que falta é pedir com humildade.
O Anjo agradeceu a oportunidade de servir, vestiu as asas, foi subindo… Subindo. Uma bala perdida o acertou bem no meio da testa, ele despencou qual pássaro morto em pleno vôo lá de cima e caiu na mata.
O Jornal Nacional publicou a foto da menina seqüestrada que fugiu do cativeiro e escondeu-se na floresta. O que a salvou foi o abrigo que encontrou para passar a noite. Estranho o tal abrigo tinha a forma de duas brancas asas, asas de Anjo, asas de quem morreu por Amor.

Gastão Ferreira

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