472 ANOS – “CONVITE DE ANIVERSÁRIO”


CONVITE DE ANIVERSÁRIO

Oh! Meu Bonje. Hoje é o meu aniversário, estou completando 472 anos. Minha amada filha, a que cuida dos meus interesses frente ao reino, com certeza dará uma festinha. Adoro festinhas de aniversários, pena que jamais participo, ou melhor, nunca sou convidada.

Nesse ano farei questão de marcar presença, ouvir os discursos, saber das novidades, das melhorias. Quero comprovar os benefícios que o senhor Conde Phaat e o jovem Ipham trouxeram para a cidade. Quero rever os antigos casarões agora totalmente reformados, os marcos históricos preservados, o lagamar desassoreado, a barragem concluída, as belas árvores podadas com esmero e carinho.

Quero cumprimentar um a um os representantes do meu povo pelo magnífico trabalho realizado em prol do município. Pelo amor com que lutam a favor do progresso, pela honestidade e retidão demonstrada com a coisa pública.

Quero abraçar a minha filha querida, aquela a quem confiei o meu futuro, aquela que conserva a cidade limpa, segura. Que contribui com o seu árduo trabalho para manter a todos felizes e cheios de esperanças num amanhã promissor.

Sei que sou uma senhora para lá da terceira idade, digo, da melhor idade… Desculpem! Não estou acostumada com esses neologismos politicamente corretos. Algumas pessoas mal intencionadas fazem fuxicos, mentem, denigrem pensando que sou uma velha tola. Que já não sei diferenciar o joio do trigo, um tamanduá de uma formiga, um cocho de um berne… Santa maldade! Quanta ignorância!

Imaginem vocês! Contaram-me que bandos de urubus infestam a cidade e se alimentam do lixo não recolhido. Que meninos recém saídos dos cueiros agridem vetustas e piedosas senhoras. Que essas crianças, nos embalos de sábado à noite (Seja lá o que signifique isso!) assaltam os que ousam sair da segurança das grades de suas casas. Que destruíram um presente ganho da Marinha do Brasil por puro desleixo! Que retiraram a Cruz de um monumento e ficou no pedestal uma placa de bronze como prova do desrespeito a quem ali o colocou. Tantas e tantas aleivosias tentando denegrir o meu belo feudo!

Que vergonha! Que desrespeito a minha pessoa ao contarem essas e outras mentiras. Sou a Princesa do Litoral Sul e não acredito nesses boatos. Meu reino é lindo! Nele a honestidade fez sua morada. Todos são felizes… Todos são iguais perante os probos governantes. Ninguém é perseguido, ninguém vira a cara para ninguém. Jamais permitam que a calúnia destrua seus sonhos… Faça igual a mim; – Não creiam na maldade!

Conto com a presença de todos vocês, meus amados filhos, na minha festa de aniversário. No mega-evento a atenção dispensada será sem distinção de classe social e todos poderão comprovar in loco a generosidade e simplicidade dos que me representam.

A Princesa

(Gastão Ferreira)

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