FAZENDO A DIFERENÇA – Dona Cathia


CATHERINE FOTIADIS

A cidade de Tessalônica foi fundada em 316 a.C. em homenagem a meia-irmã de Alexandre Magno, é a capital do Estado de Macedônia na Grécia. Foi nesta urbe de 2.327 anos onde nasceu em 01/11/1940 Catherine Fotiadis, filha do pintor e retratista Fotios Fotiadis e Fotine Fotiadis.

No final do governo de Getulio Vargas muitas mudanças ocorriam em nosso país e a necessidade de mão de obra qualificada era imensa. Foi como imigrante que a família Fotiadis deixou a Europa no navio “Provence” com destino ao Brasil. Catherine, então com catorze anos, desembarcou com seus pais e sua irmã Zoi no porto de Santos em 1954.

Catherine concluíra parte dos estudos secundários na Grécia e aprendeu o idioma português no Colégio Santa Inez, pertencente às Irmãs Salesianas, no bairro Bom Retiro, São Paulo capital. Formou-se Técnica em Nutrição e Alimentação, pela Cati de Campinas. Casou-se com Osvaldo Leri e teve três filhos, Lúcia Cristina Leri Barreiros, Jorge Leri e Alexandra Leri. Os netos Breno e Victor, filhos de Lúcia. Natasha, Dani e Wilson, filhos de Jorge e Milena, filha de Alexandra.

Em 20/01/1979, separada e tentando refazer a vida, chegou a Iguape (Ilha Comprida) com três malas e três filhos. O primeiro trabalho foi numa imobiliária, depois foi Governanta de Hotelaria no Hotel Maré Alta, recém inaugurado. Como funcionária concursada da Prefeitura de Iguape, prestou serviço em diversos departamentos, foi nutricionista da Escola Agrícola, Coordenadora da Merenda Escolar do município, professora do Mobral, deu cursos de Nutrição e Alimentação nos sítios rurais, voltados para o aproveitamento dos produtos de subsistência cultivados pelos pequenos agricultores e foi à pessoa encarregada de reformatar o “Centro Cultural” da cidade na gestão do prefeito Zelão.

No ano de 1990, Catherine deu vida ao que é hoje o Departamento de Cultura e Turismo. Dividia um prédio velho com a Banda Municipal, alguns quadros de pintores regionais e pequeno acervo de artesanato. Mudou o departamento para a Praça da Matriz, onde é hoje a Caixa Econômica Federal.

Autodidata, encarou o novo desafio e venceu. Em pouco tempo muitas novidades; Concursos de Poesia, Contos, Artesanato, Exposições, Biblioteca, Desfile de Modas, Informações Turísticas e um vasto acervo de documentos históricos movimentavam a cidade. Conhecedora da nossa cultura, dona Catherine cativava os turistas com nossas lendas caiçaras. Escritores, pintores e poetas utilizavam o recinto para palestras. Em 1992 foi a primeira vez que a tradição iguapense se apresentou, fora da área urbana do município, com o “Arraial de Iguape” no SESC Pompéia, mostrando aos paulistanos a Reiada, o Fandango, Comidas e doces típicos da nossa região. Nascia ali o embrião do “Revelando São Paulo”, já sob o comando de Toninho Macedo.

As tradições de Iguape começaram a ser apreciadas fora da comunidade e chegavam convites para a apresentação de nosso Turismo e Folclore nos salões de eventos do Banco do Brasil (Agencias Santo Amaro e Praça da Sé), clube da Caixa Econômica Federal em Interlagos, São Paulo capital. Encontro Internacional de Turismo em Foz de Iguaçu, onde o governo chinês ventilou um intercambio nesta área com o município de Iguape e que não foi aceito por nossas autoridades da época.

Catherine fez parceria com a ONG SOS Mata Atlântica, através da coordenadora Nadja Peixoto para a realização de um curso de “Guia de Turismo Mirim”. Convidou Toninho e Gérson Fontes, que moravam no Icapara, a darem cursos de teatro amador nas escolas da cidade (1994), foi o inicio da fase das revelações artísticas nas artes cênicas e que marcou profundamente nosso meio cultural.

Feito o ninho e chocado os ovos de ouro, começou a ciumeira e a briga pelo feudo Turismo. A politicagem venceu… Dona Cathia, como é chamada carinhosamente por seus amigos foi para o ostracismo e trabalhou num quartinho sem janelas até a sua aposentadoria, que ocorreu no ano de 2000. O existir, esta coisa misteriosa, ainda reservava muitas surpresas a recém aposentada. Os filhos criados, casados, os netos chegando e a Vida que até aquele momento tinha sido uma madrasta, de repente da uma reviravolta inesperada.

De lá para cá, dona Cathia foi presidente por três gestões da Casa da Amizade do Rotary, foi coordenadora por doze anos da Pastoral da Saúde da paróquia Nossa Senhora das Neves, conseguiu autorização para levar anualmente, durante o “Revelando São Paulo/Iguape”, a imagem de Nossa Senhora Aparecida Peregrina em visitação as capelas dos sítios distantes e hoje é Ministra da Eucaristia. Fez muitos cursos na Pró-Vida, percorreu o Brasil de norte a sul, conheceu quase todos os países da Europa, viajou pelo Oriente Médio, visitou a cidade de Petra na Jordânia, roubou uma pedrinha das Pirâmides do Egito, rezou dentro do Santo Sepulcro em Jerusalém… Viveu!

Antes que alguém me pergunte como ela conseguiu realizar seu sonho de conhecer praticamente todo o planeta, se era apenas mais uma pobre aposentada da municipalidade? Eu esclareço… Não! Ela não roubou ninguém, não superfaturou artistas, não aceitou propina, não vendeu patrimônio público, não pediu notas frias… Ela, alguns anos após se aposentar, se tornou herdeira universal dos bens da irmã Zoi Fotiadis que morreu solteira. Dividiu o espolio entre os filhos e sabedora que daqui nada se leva, usa a sua parte para viajar pelo mundo até que o dinheiro acabe.

Esta é parte da história de Catherine Fotiadis, uma mulher que nasceu nas terras do reino de Alexandre o Conquistador. A mulher que chegou a Iguape com três malas e três filhos. Como seu longínquo antepassado, ela é também uma Conquistadora. Conquistou o respeito e a amizade do povo de Iguape, assistiu com alegria a colheita dos frutos da árvore que ela plantou e regou com amor e desprendimento. Uma mulher em paz com si mesma, uma pessoa honesta e simples, nunca dependeu de aplausos para fazer o bem à cidade que a adotou como filha… Alguém que trabalhou arduamente para criar e educar sua prole. Alguém que ganhou um presente inesperado na hora certa. Uma pessoa que escolheu Iguape para reconstruir seus sonhos e conseguiu. Alguém que faz a diferença!… Vida longa a dona Cathia.

Gastão Ferreira/2012

  • Jorge
    15 de maio de 2012 - 4:57 pm · Responder

    Foi um caminho duro, mas não deixou a "peteca" cair. Batalhou muito e passou por varias dificuldades para dar um pouco, que na verdade era muito paranós, seus filhos. è a pessoa mais maravilhosa do mundo. MÃE, Te amo.

  • Alexandra
    2 de setembro de 2013 - 4:21 pm · Responder

    É meu irmão, o caminho da nossa mãe foi realmente muito duro pra nos sustentar, graças a sua persistência e a vontade de Deus, estamos todos muito bem criados e felizes, temos nossa "pãe" que nos enche tanto de orgulho. Obrigada pela homenagem Gastão… Você foi perfeito.
    Te amo mamis…

  • Unknown
    28 de abril de 2014 - 2:37 am · Responder

    ola boa noite!!saiba que carrego comigo esse nome Fotiadis.Meu nome e Fabio Fotiadis Henriques.meu avô que era grego veio pro Brasil apos termino da sugunda guerra mundial,ja foi prisioneiro de guerra.Nao tive praticamente contato com ele pois tinha 6 meses quando veio a falecer.Fico feliz em saber que nao existe somente minha familia com esse sobre nome no Brasil''rsrsrs''.se um dia tiver interesse de conhecer outra familia fotiadis moro em foz do iguaçu PR mas a maior parte da familia mora no rio de janeiro..Deixo aqui meus votos de alegria e felicidades…

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