O fim da odisseia…

EM MEMÓRIA DE ULISSES

         Na noite
em que a sombra de Penélope desceu a casa dos mortos, Odisseus convocou os
habitantes de Ítaca e coroou Telêmaco, seu filho, como o novo rei. Envolveu em
fina mortalha o corpo da amada, armazenou víveres num pequeno barco e adentrou
o vasto mar.
         A muito
fizera a paz com Posseidom, humilde pediu que o poderoso senhor do reino
marinho o conduzisse a ilha de Circe, a feiticeira eternamente jovem. Quem sabe
a maga, com seus encantamentos, devolvesse a vida à Penélope.
         Éolo, pai
dos ventos, soprou pessoalmente as fúnebres e negras velas. Sereias, Tritãos e
Nereidas seguiam em cortejo o barco do destemido herói. Do Olimpo os deuses
imortais espiavam a derradeira aventura de Odisseus.
         Avisada
por Hermes, o mensageiro celestial, Circe aguardava na praia a chegada da
embarcação do antigo amante. Eternamente jovem, a maga contrastava com a
senilidade do grego. Odisseus era agora considerado um estranho e sua presença
na ilha não era bem vinda, fora uma interdição divina e devia ser obedecida.
Não havia mágoa, ela lhe ofertara a juventude e a imortalidade junto a si, ele
preferiu voltar aos braços da esposa mortal, os deuses aprovaram a escolha.
         Odisseus
suplicou a Circe que devolvesse a Penélope o sopro da vida. Era provável que nesse
exato momento, sua amada, rondasse as portas da região dos mortos. Sem os ritos
fúnebres Caronte não a transportaria em seu barco. Ainda era tempo de trazê-la
ao mundo dos vivos.
         Circe
explicou a Odisseus que não possuía conhecimento suficiente para vencer a
Morte, um dia ela também viria a seu encontro. O herói em desespero rogou aos
eternos que o ajudassem. Fora amado por muitos deuses e merecia auxílio nessa
hora de dor.
         Apolo
que brilhava no alto parou o carro do Sol. Posseidom serenou o mar, o Olimpo
inteiro intercedia por Odisseus. Zeus concordou e Palas Atenas se materializou
frente ao herói e disse;-“Velho amigo! Venho da parte do pai de todos, a lei é
eterna e imutável, mas em reconhecimento a seus feitos heroico do passado, Zeus
meu pai decidiu que sua esposa permanecerá no Hades e você Odisseus poderá
compartilhar da juventude e imortalidade junto a Circe. A segunda opção é
acompanhar Penélope ao mundo subterrâneo.”
         Odisseus,
velho, cansado, quase senil, com os olhos marejados respondeu a deusa; -“ Palas
Atenas, deusa da sabedoria, por vinte anos sofri com a separação da amada
esposa de minha juventude. Afrontei aos deuses para reconquistá-la, não será a
mísera Morte que há de nos separar. Cumpra a ordem do pai dos deuses e dos
homens! Sigo junto a Penélope para os domínios de Hades.”
         Suas
sombras de mãos dadas já encontraram Heitor, o mais nobre dos heróis troianos.
Aquiles, o maior guerreiro de todos os tempos os abraçou e muitos outros, entre
eles Ajax, Nestor, Pátroclo, Polux, Agamenon os reverenciam. O casal está em
paz e juntos permanecerão para sempre. Odisseus sonha com seus feitos heroicos
e Penélope tece para a eternidade a sua história imortal.
Gastão Ferreira/2012      

Deixe um comentario

Livro em Destaque

Categorias de Livros

Newsletter

Certifique-se de não perder nada!