A praia do lobisomem

Quando o navio negreiro Phoenix naufragou em 1840, os escravos nadaram até a praia. Jângal, um menino lobisomem, liderou o grupo, fundando um quilombo na região.

Jângal, filho das savanas africanas, foi capturado e vendido como escravo. Contaminado pela lycantropia, ele era um legítimo lobisomem africano. Os primeiros a cair vítimas dele foram os tripulantes do navio.

Os moradores do quilombo, gratos pela ajuda de Jângal, temerosos, o afastaram. Ele passou a viver numa tapera perto do mar. Histórias sobre o lobisomem espalharam-se, assustando tropeiros e pescadores.

Jângal se amancebou com uma índia desgarrada, e seus filhos foram os primeiros mestiços a povoarem o litoral gaúcho. Sua vida longa e feliz terminou na terra que adotou como sua.

Na última noite de lua cheia, um grande cão negro foi visto saindo da Lagoa do Armazém, trazendo uma tainha na boca. Toninho Pescador, apavorado, testemunhou a transformação do cachorro em um homem.

*Gastão Ferreira/Imbé-2022*

        

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