Alguém viu

Ao final da zona dos quiosques à beira-mar, na cidade gaúcha de Imbé, começa a área de altas dunas que escondem o mar por uns três quilômetros… Fatos estranhos ocorrem nesse pedaço de chão; são centenas de casas de alto padrão e todas de turistas que só comparecem para veranear uma ou duas vezes por ano.

Avenida asfaltada, calçadas espaçosas com via expressa para bicicletas e longas caminhadas; após a meia-noite os nativos não usam o local. Muitas lendas urbanas se referem aos ÓVNIS que costumam abduzir desatentos turistas que perambulam na escuridão noturna.

Além dos discos voadores corre um boato que fala de lobisomens; um grande e peludo cão costuma correr na areia, uivar sobre as dunas, perseguir motos e automóveis em noites de lua cheia…

Rodolfo Pescador passou o maior sufoco; estava lançando sua tarrafa há uns vinte metros mar adentro, e apesar do barulho das ondas ele nitidamente ouviu um horripilante uivo… Na prateada areia um imenso cachorro perseguia um rapaz… O moço estava preste a ser feito em pedaços pela fera quando foi capturado pela tarrafada certeira de Rodolfo…

O rapaz estava em estado de choque, e apavorado contou a sua história; era um turista e estava num dos quiosques à beira-mar curtindo um som quando conheceu a garota Cynthia, uma menina praiana de negra cabeleira e corpo escultural, moradora da cidade…

Beberam, dançaram, e foram andar na praia… Era noite de lua cheia e a branca areia parecia banhada em prata; Cynthia convidou o moço para conhecer as dunas de Imbé, e assim foram se afastando da zona iluminada dos quiosques e adentrando a área sem iluminação elétrica…

O rapaz não soube explicar direito, mas disse que a garota correu para as dunas, e ele foi ao seu encalço… E assim sem mais nem mesmo surgiu por entre um banco de areia um imenso e negro cão… O cachorro tinha olhos vermelhos, e da boca aberta escorria uma baba esbranquiçada… Apavorado o jovem correu em direção ao mar, e se não fosse à certeira tarrafada do pescador, provavelmente a besta-fera o teria trucidado…

Rodolfo Pescador acompanhou o moço até o asfalto da avenida pós dunas, e depois foi à procura da garota que acompanhava o rapaz, não a encontrou e foi espiar o cão que ficara se debatendo preso à tarrafa… O cachorro havia se libertado, e Rodolfo avistou ao longe uma pessoa andando na praia em direção aos quiosques…

O pescador escalou as dunas e correu pela avenida à beira-mar em direção aos quiosques, queria chegar antes do vulto que avistara caminhando na areia… Chegou cansado e sentou-se na amurada e ficou na espera…

Uma jovem de corpo escultural e negra cabeleira, vinda da área das dunas passou por ele… Usava uma saída de banho e por cima dela pedaços de uma tarrafa, a tarrafa de Rodolfo Pescador.

*Gastão Ferreira/Imbé-2022*        

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