AS FADAS…

         Na
floresta a notícia correu feito pólvora, os habitantes estavam horrorizados,
pela primeira vez na história as fadas entraram em guerra entre si; – O motivo,
Zuter!
         Zuter, o
fauno, possuía uma varinha mágica que era o sonho de consumo das aprendizes de
feiticeiras, bruxas, ogros, gnomos, sílfides e fadas. Quem caia sob o encanto
de seu bastão jamais se esquecia do ocorrido e muitas criaturas choravam no
escuro das cavernas carentes de seu dom maravilhoso.
         As
fadas, seres inocentes e sem malícias, costumavam se reunir numa pequena
clareira do bosque para dançarem e cantarem; eram pudicas e castas. No evento
discutiam seus probleminhas e por vezes bebiam do néctar das flores.
         Zuter, o
fauno, conhecedor de tudo o que não presta, aproveitou-se da pureza das fadas e
adicionou o suco de cogumelos alucinógenos ao néctar e o alegre convescote se
transformou em orgia desenfreada.
         Mafalda,
amiga intima de Bofalda, brigou feio com a colega e o motivo foi à varinha
mágica de Zuter. Algumas fadas tomaram o partido de Mafalda, outras de Bofalda
e teve inicio uma guerra nunca imaginada nem pela mais perversa das bruxas.
         Zuter se
encontrava secretamente com Mafalda, Bofalda, Nefalda, Pafalda, Zefalda e
muitas outras faldas e cada uma delas se achava a única na vida sentimental do
fauno. Zuter era parente de vovó Nachel que não era uma fada e que lhe dava o
maior apoio. Apesar de nunca ter experimentado o encanto da varinha mágica de
Zuter, vovó Nachel fazia a maior propaganda da mesma, criando assim certa
curiosidade sobre a varinha.
         Nachel
era a confidente de Zuter, babava-se com suas histórias sórdidas e pervertidas.
Uma noite após uma festa de arromba, deu com a língua nos dentes e contou sem
querer querendo as diversas sacanagens do parente a uma Sílfide sirigaita. A
Sílfide espalhou a história e foi assim que Mafalda ficou sabendo do
envolvimento de Bofalda com Zuter.
         Mafalda
procurou o auxilio das trevas a fim de conquistar definitivamente o amor de
Zuter e as trevas espalharam a escuridão na floresta. A tristeza alastrou-se,
os animais não encontravam suas tocas, os pássaros não achavam seus ninhos, os
cães perdiam o faro, os filhotes se desgarravam dos pais e partiam para a
prostituição, as drogas e bebedeiras.
         A vida
na floresta estava insuportável… Quem não era cocho era berne, ou seja, quem
não era partidário de Mafalda era de Bofalda. O assunto nos encontros sempre se
resumia na famigerada desavença entre as fadas e todos estavam saturados com as
picuinhas íntimas decorrentes das paixonites entre Zuter e suas adoradoras… A
guerra tinha que ter um fim!
         Cidália,
a rainha das fadas, finalmente foi informada do que ocorria no escurinho de seu
reino encantado. Como era imune aos encantos da varinha mágica de Zuter, se bem
que os fofoqueiros de plantão informam que num passado remoto também ela
arrastou as asinhas pelo fauno, fez valer sua vontade soberana e simplesmente
expulsou Zuter para outra freguesia.
         O reino
voltou à pasmaceira de sempre… Mafalda fez as pazes com Bofalda e compartilham
segredinhos. As feiticeiras voltaram a preparar suas poções, os gnomos a
trabalharem feito escravos, os ogros a comerem criancinhas desatentas, os
pássaros a cantarem e os rios a correrem para o mar. A única a lembrar do
ocorrido é Mafalda, quando enche a cara se põe a falar sobre a varinha mágica
de Zuter e chora de saudade… Assim se confirma o ditado popular; – Amor de
trica fica!
Gastão Ferreira/2012  
  
        

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