A paquera do lobisomem

Tem gente que pensa que um lobisomem não tem sentimentos, que um ser humano ao se transformar na besta fera perde tudo o que o define como pessoa; não é verdade, que o diga a jovem Eroni Del Rio…

Estamos no início do século XX, Leodolfo Miranda, rapaz de fino trato, sitiante e pescador nas horas vagas, em uma noite de lua cheia foi separar uma briga de cachorros de rua… Puxa daqui, puxa dali, e uma feia mordida aconteceu; o que Leo desconhecia era que o cão estava contaminado pelo vírus da licantropia, ou seja, o dogue era um lobisomem latente…

Quis o destino que Leodolfo se apaixonasse perdidamente pela gentil donzela Eroni Del Rio, naquele tempo sem rádio, sem televisão, sem celular, sem avião, sem taxis, sem um monte de coisas que torna a vida mais amena tudo era tabu…

Para começar um namoro o rapaz ficava uns três meses rodeando a casa da vitima de sua paixão, era um tal de passar para lá e para cá de dar dó, mas isso acabava quando a guria se tocava que estava sendo paquerada…

O sonho do moço era conseguir pegar na mão da menina, depois ficavam olhos nos olhos sendo vigiados por todos os familiares da donzela por mais alguns meses, e dele caras e bocas e apertadinhas de mãos…

Aparentemente a donzela Eroni não sentiu a flecha de Cupido acertar seu coração, quando passava por Leodolfo na rua fazia questão de se manter fria e distante… Esse triste comportamento atiçava cada vez mais a fogueira da paixão em que Leo se queimava dia e noite…

Numa noite de lua cheia um lobisomem tocaiou a bela Eroni, jogou a moça no chão, lambeu o rosto dela, uivou feito cão no cio, cheirou a guria por inteiro se esfregando nela… Os curiosos chegaram para conferir o alarido e a besta escafedeu-se no mundo, mas algo havia mudado… Eroni estava agora totalmente apaixonada pela fera.

Marcada pela negra sina de ter sido quase estuprada por um lobisomem Eroni foi posta de escanteio; sem amigas, sem admiradores, todos se mantinham distantes com medo de atrair a atenção da besta fera… Só Leodolfo continuou na paquera diária.

Eroni não sabia o que fazer, estava apaixonada por um lobisomem, mal vista pela vizinhança, e aparentemente o bicho fera também estava apaixonado, mal a lua cheia aparecia no céu e lá estava ele rondando a casa da amada…

Numa noite a coisa foi tão feia que o lobisomem passou a noite toda correndo para lá e para cá frente à casa da amada, as pessoas da vila exigiram que os pais de Eroni mandassem a moça para fora da vila… Naquela noite a donzela tomou uma decisão; seguir a fera e acabar de vez com tanto sofrer…

O dia já estava para clarear quando finalmente o terrível lobisomem apagou o facho e foi dormir… De longe Eroni seguiu a besta e notou que a mesma entrou numa cabana na margem do rio… Sem medo a moça entrou na cabana, sobre a cama um jovem completamente nu jazia adormecido; Eroni conferiu todos os detalhes, e saiu silenciosamente do casebre…

Eroni aceitou namorar Leodolfo Miranda, um pescador pé rapado, mas muito batalhador… As amigas acham que foi um ato desesperado para não ficar para titia, casar com o primeiro traste que apareceu… Leodolfo não sabe que Eroni conhece o seu segredo, mas tem absoluta certeza de que a donzela o ama.

Casamento feliz, Eroni foi à salvação para Leodolfo, incentivado pela esposa, de um humilde pescador passou a dono de peixaria, e ainda vende caça para turistas da capital, animais raros de serem caçados nas matas da região, mas algo normal para um lobisomem apaixonado.

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