Quando Augusta criou uma conta na internet em nome de Alyene Crystine, um perfil falso no facebook, não imaginou a fria em que estava entrando; pela cabeça oca da jovem não passou a possibilidade do perfil ser a parte dominante de seu caráter…
No inicio o perfil era pura brincadeira, invadir as páginas das amigas e postar pequenas ofensas escondidas entre elogios, tipo, “cada dia mais linda” para a colega feiosa, ou, “nada como ser elegante” para a desmazelada e pobre colega, ou pior ainda “quando crescer quero ser igual a você” para a garota obesa…
Com o tempo Augusta gostou da brincadeira e passou às postagens políticas, Alyene se especializou em pesadas críticas aos mandantes da cidade, censuras ofensivas sobre os serviços prestados pela municipalidade…
Alyene, que não existia na vida real, se achava esperta e começou a ofender gratuitamente qualquer um que não comungasse de suas idéias; sem problemas! Ninguém sabe e nem imagina que ela é a fofinha e meiga Augusta…
Na internet existem milhares de perfis falsos, na maior parte são aqueles que usam caricaturas, fotos de animais, ou de crianças para se apresentarem…
O que essas pessoas desconhecem é que a maldade deixa rastros tanto na alma como na estrada vida… No começo um perfil falso funciona como uma boa válvula de escape para os problemas do dia a dia…
Como quase ninguém reage às pequenas cutucadas da maldade, o nível de ofensas aumenta, se transformam em insultos, degeneram a alma, escurecem o espírito, chama a perversidade, a injuria, à maledicência e modificam totalmente o caráter do criador do perfil falso…
Augusta perdeu a perspectiva, da garota alegre e sensata passou a ser uma jovem arrogante, dona da verdade, alguém que se ofendia com um mísero olhar; era agora uma pessoa mal resolvida, mal amada, de mal com a vida e com o mundo, ou seja, a criatura se apossou do criador; Augusta era totalmente Alyene Crystine…
Somos a soma da escuridão e da luz que nos habita, desconhecemos os caminhos que trilhamos através das múltiplas reencarnações planetárias, não sabemos do anjo ou demônio que mora dentro de nós; temos de ter cuidado com o que alimentamos dentro de nós, treva e luz são opções de vida…
Não é bom despertar essa força desconhecida que dorme em nosso espírito imortal, somos todos aprendizes nesse mundo… Augusta se perdeu, Alyene é quem compartilha do seu existir.
Não entrem nessa de criar “perfil falso”, coisa de gente covarde com medo de mostrar a cara e assumir suas verdades, pois, para muitas pessoas é mais fácil se esconder nas trevas do que viver na luz.
Gastão Ferreira começou a publicar seus textos aos 13 anos. Reconhecido por suas crônicas e poesias premiadas, suas peças de teatro alcançaram grandes públicos. Seus textos e obras estão disponíveis online, reunidos neste blog para que todos possam desfrutar de sua vasta e premiada produção.