Pirulito que bate-bate…

TIA VERÔNICA…

         “Pirulito
que bate-bate, pirulito que já bateu. Quem gosta de mim é ele, quem gosta dele
sou eu…”, tia Verônica passa horas cantando essa musiqueta. Por favor!
Mantenha o segredo familiar, ela enlouqueceu por amor.
         Tia Vevê
nasceu de uma ligação espúria de vovô Bodinho com a menina Jocasta, filha de
dona Branca, neta de escravos e lavadeira por profissão e gosto. Meu avô o
famoso Coronel José Brandino de Alencar Siqueira Júnior, era um homem honrado,
bom, religioso, senhor de muitas terras e dono de muita gente, apelidado, de
boca pequena Coroné Bodinho, devido à mania de perseguir todo o rabo de saia
que passasse em sua frente.
Tia Verônica não era a única filha
bastarda, era a única criada na casa grande, o saco de pancada onde vovó
Inocência descontava as puladas de cercas do vovô. Infeliz tia Vevê! Era
belíssima. Tia Chistiana morria de ciúmes, filha legitima de vovô e vovó,
puxara a raça portuguesa de vovó, mal chegada à puberdade, um belo bigode e
alguns fios de barba apareceram em sua face redonda, cabelos escuros, estatura
meã, ou seja, baixinha.
Tia Verônica era loira, olhos azuis,
alta, magra. Foi educada com os mesmos mestres dos outros filhos do coronel,
muito inteligente, gostava de ler. Naquela época as moças e mocinhas só podiam
ler romance água com açúcar e livros de poesias eróticas. Os excessos de
leitura, dizem que leu durante sua vida uns oito livros, a tornaram uma pessoa
diferenciada.
Durante uma Festa de Agosto, a família
do Coronel Brandino de Aguiar recepcionou muitas caravanas de cavalarianos que
passavam por suas terras. Verônica conheceu Marcelo, se apaixonou, no que
também foi correspondida. Apesar de tanta leitura era bem bobinha e Marcelo
muito espertinho ensinou a garota o pirulito que bate-bate. Ela adorou e
chegaram a bater os pirulitos umas cinco vezes ao dia. Tia Chris descobriu as
brincadeiras eróticas e achou de veras fortes o pirulito de Marcelo, resultado!
Casamento.
Sim! Christiana chantageou Marcelo. A
fama de matador de coronel Brandino corria mundo… Ah se ele desconfiasse do
que o cabra safado aprontou para sua bela filha. Ensinar na prática o pirulito
que bate-bate para uma donzela! Caso para ser capado na hora. Marcelo pediu
Chistiana em casamento, o pedido foi feito durante o jantar frente a dezenas de
pessoas… Tia Verônica não sabia da armação de sua irmã Christiana e Marcelo
também nada falou, apesar de terem batido pirulitos pela manhã.
Quando tia Christina foi abraçar tia
Verônica, tia Verô endoidou de vez. Com olhos cheios de lágrimas começou tristemente
a cantar… ”Pirulito que bate-bate… Pirulito que já bateu… Quem gosta de
mim é ele… Quem gosta dele sou eu…”, ninguém entendeu o recado, ninguém do
restante da família, os noivos entenderam muito bem. Tão bem que desde tal
ocorrência, toda a vez que chega uma visita, tia Verônica é escondida na
senzala, sua mãe Jocasta filha de escravos, cuida dela e sempre que pode vovó
Inocência vai tirar uma casquinha da infeliz que enlouqueceu por amor.
Gastão Ferreira/2012

Deixe um comentario

Livro em Destaque

Categorias de Livros

Newsletter

Certifique-se de não perder nada!